Desejo x possibilidade

Iniciado por FLA, 29 de Maio de 2011, 00:45

tópico anterior - próximo tópico

FLA

Tenho lido vários post´s, neste fórum e em outros, com várias reclamações sobre as novas posturas adotadas pela Canonical, notadamente para os Ubuntu-Desktop´s (e suas variantes), principalmente em face da "nova cara" do Ubuntu que está muito similar ao sistema Apple.
Uma das coisas que mais me chamaram a atenção, foi o fato de que quase que a totalidade das reclamações vinham de forma "apaixonada", sem qualquer análise estratégica de mercado (o que não é incorreto, porém, paixão não sustenta empresa nenhuma).
Não tenho qualquer procuração para defesa ou informação privilegiada da Canonical, para as afirmações que aqui faço. Porém, a estratégia da Canonical, uma empresa como qualquer outra, está absolutamente correta.
Sem qualquer hipocrisia, convenhamos, o Linux, de forma geral, é pouquíssimo utilizado no mercado desktop, permanecendo tal mercado, dominado pela plataforma Windows.
Não obstante este fato, o Ubuntu, no período 2009/2010, conseguiu uma façanha marcante, abocanhando, dentro desta mínima fatia do mercado desktop-linux, uma parcela fantástica, dada a uma estratégia bastante comum no Windows, qual seja, a usabilidade do sistema, principalmente pelo usuário comum, não geek, não aficionado em compilar, ou seja, aquele que simplesmente quer ligar a máquina e trabalhar ou utilizá-la em seu lazer. Tanto é assim, que o Windows 7, que realmente está muito bom, não veio por obra e graça dos "gênios" da Microsoft, mas, em resposta a este crescimento - não se espantem - justamente do sistema da Canonical e, mais ainda, pelo dito crescimento ter se dado de forma global e não localizada como outros "fork´s" do Debian, Red Hat e etc...
Porém (tudo tem um porém), restam dois problemas com o Ubuntu (e com as demais distro´s), quais sejam; driver´s e jogos. Quanto aos jogos, estes são realmente um problema para o futuro e que, em minha opinião, serão resolvidos quando o primeiro problema for efetivamente resolvido.
O problema dos driver´s depende de investimentos maciços das empresas fabricantes do hardware, investimentos estes, que, convenhamos, não são, no momento justificáveis em face da parcela mínima de mercado do Linux-desktop. Repito, NVidia, ATI, INTEL, AMD e etc, são empresas e não "casa de caridade", visam ao lucro e só vão investir naquilo que der lucro, não em idéias e ideais, não se tendo como afirmar que estão erradas.
E como se resolve o problema dos Driver´s ? Simples. A Canonical investiria nestas empresas somas altíssimas para garantir a pesquisa e desenvolvimento de Driver´s, pelo menos decentes para o desk-ubuntu. Porém (olha o porém de novo), alguém imagina que a Microsoft não cobriria esta oferta ? Viraria um leilão para o qual a Canonical não tem condições de ganhar, ou seja, uma derrota prevista com o fechamento, ainda mais, das portas para o desenvolvimento destes Driver´s.
Conclui-se, então, que a Canonical está irremediavelmente perdida ? Não, há uma força maior do que a própria Microsoft, que nada mais é do que o consumidor do hardware que usa o sistema.
O mercado destes sistema está mais ou menos dividido em usuários Windows, que representa maioria esmagadora, usuários do sistema da Apple, que já detém uma parcela considerável do mercado (principalmente nos EUA e Europa) e os demais usuários do Linux e suas "fork´s".
Com estes dados e, visando uma maior aproximação com o usuário final, prevejo que o Ubuntu deve ficar cada vez mais parecido com o Mac (até porque, copiar o Windows, seria uma estratégia suicida), fechando as portas ou dificultando muitas mexidas no sistema, para torná-lo mais estável e, assim, com um sistema muito similar a outro bastante conhecido em mercados fortes (EUA e Europa), forçar o acréscimo de usuários também estáveis (que usam o sistema e permaneçam nele), forçando assim, com este poder que lhe confere o consumidor, aos fabricantes, para que estes invistam num mercado que tornou-se lucrativo para eles (fabricantes), pesquisando driver´s, resolvendo, assim, o grande problema do usuário final, não geek etc, etc, etc.
Aproveitando que a minha "bola de cristal" está com pilhas novas, prevejo ainda, que o 12.10, deve ser muito similar ao Mac, mas tão similar que vão ser quase irmãos gêmeos, com a vantagem para o ubuntu, pois, este não é feito com prioridade para uma máquina que a Canonical produza, como ocorre com os sistemas da Apple, que até funcionam em outras máquinas. Mas, às vezes, dá muita complicação.
Senhores "reclamões" de plantão, entendam que a Canonical não lançou e permanece com seu sistema apenas em face dos "gatos pingados" que gostam de mexer em tudo. Ela é uma empresa e que tem um produto próprio, que deve atender indiscriminadamente aos "gênios" da informática ou a pessoas como eu, mero e simples usuário final, pois, convenhamos, somos o mercado.
Ademais, se alguém acha que a verdadeira "guerra" de sistemas começou, advirto-os, lêdo engano, trocou-se apenas uns piparotes de um lado e outro (Ubuntu 9.10 e 10.04 no queixo e Windows 7 de gancho no fígado). A verdadeira guerra virá quando a estratégia da Canonical em forçar e conseguir (porque acho que vai conseguir) a produção driver´s para seu sistema.
É o caso clássico do desejo x possibilidade.
Abraços

velox256

O problema não é só de drivers, mas também de softwares, muito se vê por aqui nego "wineando" aplicativos do Windows, uns com sucesso e outros não; e devem ser piratas, pq o usuário não gosta de pagar pelo que usa., seja qual sistema for... :)
Computador perereca, com disco perereca, monitor perereca e sistema super xuxu. Visitem a minha página em http://sidserra.k6.com.br ou meu blog em http://sidserra.blogspot.com.br.

Paulo Correa

Resumindo o assunto: É só meter a mão no bolso tirar R$ 400,00 ou 500,00, pelo SO, mais uns R$ 80,00 pelo antivírus, sei lá quanto pelo Nero, photoshop, e afins, num outro total de nem quero imaginar quanto.
Para quanto o usuário precisar de suporte vai ter que meter a mão no bolso.
Me deixe quieto eu meu Ubuntu 11.04 Natty Narwhal, Kubuntu 10.10 Maverick Merkat, sem drivers, sem jogos mas muito bem auxiliado.
Meu caro fla, se você fizesse uma palestra há uns dois meses atrás aqui no Pará, e eu me encontrasse na palestra você com certeza me convenceria a continuar na pirataria, pois não sou rico e tenho uma família linda, para manter sem precisar da multi-milionária micro$oft. Graças ao Linus Trovalds, Canonical.
Como disse antes, todos são livres para fazerem as escolhas que as vezes vão acompanhar pela vida toda, a minha escolha é o GNU/Linux.

Valeu e nada contra o seu texto, ou a micr$oft.

velox256

Pô Paulo, também não é assim. Tirando os 400 mangos do sistema, no Windows também há opções de programas grátis equivalentes aos que se usa no Linux, como Open Office, StarBurn (gravador de cd/dvd), Avira, Gimp e quase toda sorte de softs úteis e grátis. Temos então os problemas da segurança ou de desempenho do Windows, além daquela besteirada de "controle da máquina", "liberdade" e tal.

A opção de termos uma ou duas alternativas funcionais ao Windows é a que vale e usa tais alternativas quem quer. Mas o uso desse ou daquele sistema tem que ser maestrado pelo que o usuário fizer produtivamente na máquina; não adianta o cara fazer uma coisa no Linux em 3 dias se a mesma coisa pode ser feita no Windows em 30 minutos ou vice-versa.

No meu caso, uso os dois, mas uso muito mais o meu Debian e olha que sou usuário pesado de computador. Windows só para coisas muito específicas e detesto usar emulação, hehehehe...

Outra coisa que eu sempre falo em alguns dos meus posts, se alguém dá 2 mil pratas num celular cheio de frescura (se bem que agora tem os chineses de 300 paus...) e não vai usar nem a metade dos recursos, qual o problema de dar 400 pratas num sistema que funcione minimamente?


Citação de: Paulo Correa online 29 de Maio de 2011, 07:50
Resumindo o assunto: É só meter a mão no bolso tirar R$ 400,00 ou 500,00, pelo SO, mais uns R$ 80,00 pelo antivírus, sei lá quanto pelo Nero, photoshop, e afins, num outro total de nem quero imaginar quanto.
Para quanto o usuário precisar de suporte vai ter que meter a mão no bolso.
Me deixe quieto eu meu Ubuntu 11.04 Natty Narwhal, Kubuntu 10.10 Maverick Merkat, sem drivers, sem jogos mas muito bem auxiliado.
Meu caro fla, se você fizesse uma palestra há uns dois meses atrás aqui no Pará, e eu me encontrasse na palestra você com certeza me convenceria a continuar na pirataria, pois não sou rico e tenho uma família linda, para manter sem precisar da multi-milionária micro$oft. Graças ao Linus Trovalds, Canonical.
Como disse antes, todos são livres para fazerem as escolhas que as vezes vão acompanhar pela vida toda, a minha escolha é o GNU/Linux.

Valeu e nada contra o seu texto, ou a micr$oft.
Computador perereca, com disco perereca, monitor perereca e sistema super xuxu. Visitem a minha página em http://sidserra.k6.com.br ou meu blog em http://sidserra.blogspot.com.br.

FLA

@Paulo Correa, vc leu e entendeu o texto ? Creio que não !!

O texto é explícito em tentar desmistificar a (correta, em minha opinião) estratégia da Canonical em forçar a aproximação com determinado sistema muito conhecido lá fora, para forçar também, através de novos usuários fixos,  às empresas de hardware em produzir driver´s decentes para o sistema Ubuntu (ou, como queira, linux em geral). Aliás, driver´s, nada mais são do que softwares (não é prezado velox256?), que fazem este ou aquele hardware funcionar adequadamente neste ou naquele sistema.

Qual a relação do texto com a sua afirmação de custos no Windows? Por isso acho que vc não entendeu o texto.

Ademais, veja só, se é bem verdade que que vc não é rico, tem uma família linda etc... Também é verdade que a Canonical é uma empresa que possui funcionários, com famílias lindas e etc.. E, principalmente, precisa se manter, pois, não vive de ideologias que já não se enquadram mais quando o "mercado" entra no meio.

Quanto a sua posição no caso de uma "palestra" em seu belo Estado do Pará. Sem problemas, tenho alguma experiência em palestras e já percebi que nem todos os participantes entendem o que foi dito em palestras e tomam as suas decisões, às vezes, com base em ideologias, incorretas ou ultrapassadas, mas, que em determinado momento estavam adequadas.

Ademais, não faço apologia ao Windows 7, que está realmente bom. Porém, para meu uso profissional, prefiro o Squeeze (Debian) que está fantástico e, em casa, o Ubuntu 10.04 (LTS). Mas, de qualquer forma, se vc estivesse em uma palestra minha, não sobre softwares, a minha praia é outra (estratégias de mercado para fusões e aquisições de empresas), e me fizesse a sua afirmação de que R$ 400,00 causaria tal transtorno em sua vida pessoal/familiar, talvez o primeiro conselho que lhe daria, seria para rever as suas políticas de mercado, eis que, se tal valor causar-lhe-ia tamanha desgraça, por certo, vc deveria mudar o seu negócio.

Aliás, vamos "combinar uma coisa", o que é preço e o que é custo ? Preço é aquele da "prateleira" e custo é aquele que vem na Nota Fiscal do "produtor/fabricante/desenvolvedor". Procure verificar que o preço do Windows é, realmente, por volta dos R$ 400,00 que vc falou, até um pouco menos ou mais, dependendo se é OEM ou FPP. Porém, o custo, não se assuste, até chegar a prateleira, tem, em média, 20% à 30% do lucro do lojista, mais algo em torno de 23% de impostos. Assim, o custo não é os R$ 400,00. Mas, algo em torno de R$ 190,00 à R$230,00.

É verdade @Paulo Correa que as pessoas fazem escolhas e as acompanham pela vida toda. Porém, nem sempre os fatos da vida ficam estagnados nas escolhas das pessoas, não é verdade ?


@ Velox256, a sua frase "Mas o uso desse ou daquele sistema tem que ser maestrado pelo que o usuário fizer produtivamente na máquina; não adianta o cara fazer uma coisa no Linux em 3 dias se a mesma coisa pode ser feita no Windows em 30 minutos ou vice-versa.", apesar de não ter vinculação direta com o que penso da estratégia da Canonical, é uma das consequencias, segundo penso, da dita estratégia. O que não estão percebendo é que a Canonical está aprimorando o seu sistema e, participando agressivamente no mercado para, justamente tentar ganhar posição onde ela é fraca (driver´s) que são elaborados quase que majoritariamente para Windows. E, à partir daí, a questão de novos softwares (aplicativos), virá como consequencia.

O problema, em meu ponto de vista, é que algumas pessoas ainda não se desapegaram da questão do mercado que, vc, com muita propriedade, define como "produtividade". É isso mesmo, a produtividade vai se sobrepor a questão da ideologia de folhetim e a Canonical tem um sistema muito bom para enfrentar a Microsoft, que não chamo de Micro$oft, Rwuindows etc, por ter absoluta certeza de que se trata apenas de um sistema, uma ferramenta de trabalho que, se me atende uso, se não me atende não uso (Isso é liberdade).

A minha opinião é que estamos começando a vivenciar a profissionalização do Ubuntu, que é um momento muito interessante para quem gosta do sistema e não está apegado a tomar o bonde para ir ao chá das cinco, trajando o paletó com seu pincenez e polainas em seus sapatos.

Abraços à todos.