A hipocrisia na comunidade do software livre

Iniciado por gabriel0085, 04 de Janeiro de 2007, 15:45

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gabriel0085

Em primeiro lugar gostaria de deixar claro que não sou desenvolvedor de softwares, e não conheço rasoavelmente a comunidade de software livre. Então, justamente por esses motivos, gostaria de levantar essa discussão, e - como novato nesse ambiente de tantos programadores e profissionais de  TI - entender um pouco dessa realidade.

A questão é a seguinte:

Lendo alguns artigos no viaolinux, me deparei com depoimentos de vários programadores que achavam uma utopia lucrar com software livre sem estar ligado a uma grande empresa. E, o que mais me surpreendeu, foi ver esses mesmos programadores, que dizem usar software livre mas desenvolver proprietário, achicalhando empresas como microsoft e apple, justamente por direcionarem seus trabalhos no caminho do lucro e tirarem a liberdade do  usuário, ou mesmo não permitir um aprimoramento maior que seus softwares teriam se o código fosse aberto.

Resumindo: Desenvolver software proprietário, e defender arduamente a plataforma livre é hipocrisia?       


 

celsofaf

Não sou uma pessoa adequada para comentar sobre isto, mas eu não acho que seja hipocrisia. Mal comparando, seria mais ou menos o caso do típico cara que torce pelo Palmeiras mas, em dia de jogo do arqui-rival Corinthians (não contra o Palmeiras!), vai perto do estádio e monta sua barraca cheia de camisetas, bandeiras e outras coisas do Corinthians para vender. É o ganha-pão do sujeito, oras.

(sim, a comparação é muito ruim)

Se o Desenvolvedor X faz um dinheiro com software proprietário e tem tempo livre para suportar e contribuir para a comunidade de software livre, isso é bom. As pessoas não vivem de vento, e não é todo mundo que se arriscaria a perder um bom salário para viver de doações esporádicas; ter segurança financeira para poder fazer o que gosta é importante. Inclusive - e por que não? - a experiência do Desenvolvedor X em seu trabalho com software proprietário pode até mesmo ajudar em seu trabalho com software livre. Eu não falo de "experiência" no sentido de, por exemplo, usar num software livre uma solução parecidíssima com a que foi usada no proprietário (poderia até mesmo ser ilegal); quem é programador sabe do que estou falando.

Hipocrisia, talvez, seria o Desenvolvedor X aproveitar-se da comunidade de software livre para levar adiante seu projeto proprietário. Ou seja, relegar o software livre apenas a ser um meio de conseguir fazer decolar seu proprietário, talvez negando aí os princípios que regem nossa "fé".

...apenas um pequeno pensamento.
Rio de Janeiro, RJ, Brasil

gabriel0085

CitarMal comparando, seria mais ou menos o caso do típico cara que torce pelo Palmeiras mas, em dia de jogo do arqui-rival Corinthians (não contra o Palmeiras!), vai perto do estádio e monta sua barraca cheia de camisetas, bandeiras e outras coisas do Corinthians para vender. É o ganha-pão do sujeito, oras.

(sim, a comparação é muito ruim)

celsofaf, eu sinceramente não acho que a comparação seja válida, simplesmente porque nesse caso há apenas  dilemas meramente ideológicos, sem implicações práticas. Hoje defender software livre é coisa séria, embasada em argumentos claros e bem estruturados, alicerçando-se em idéias de liberdade e transparência para gerar maior qualidade e acesso. Se formos encarar dessa meneira, como no exemplo citado, unicamente pelo viés ideológico, FSF e companhia não fariam o menor sentido.

Como pra muitos a questão softare livre é quase uma religião, com belas doses de fanatismo, e mesmo pros menos exaltados, ainda sim carrega suas implicações morais, eu imagino outros exemplos mais próximos disto. Algo como, um pastor que pregra que quem cometer adultério é pecador, vai contra as leis de Deus e não terá a salvação, mas trai sua esposa. Ou um político que sempre manteve uma carreira limpa, de defesa de fortes pricípios éticos e morais  na política, mas quando passa por uma dificuldade finaceira aceita desviar dinheiro público. (os exemplos também não são os mais adequados mas acrdedito que estajam mais próximos da idéia)       


gabriel0085

#3
CitarSe o Desenvolvedor X faz um dinheiro com software proprietário e tem tempo livre para suportar e contribuir para a comunidade de software livre, isso é bom. As pessoas não vivem de vento, e não é todo mundo que se arriscaria a perder um bom salário para viver de doações esporádicas; ter segurança financeira para poder fazer o que gosta é importante. Inclusive - e por que não? - a experiência do Desenvolvedor X em seu trabalho com software proprietário pode até mesmo ajudar em seu trabalho com software livre.

Eu me pergunto, não será perigoso abrir estas exceções em questões de critérios tão subjetivos? Até que ponto isso abre precedentes arriscados para a comunidade? 

Você diz que  o desenvolvimento de proprietáro pode ajudar no desenvolvimento de livre, mas não o inverso. Ler softwares livres de um determindo foco  e ter de produzir proprietário com os mesmo objetivos tempos depois: Será que é possível não ter absorvido nada que vá te influenciar em teu projeto? Isso seria desonesto?

E, sob essa perspectiva que você citou, como julgar e criticar por exemplo: A não abertura dos drivers da  nvidia? A relações da apple com o BSD? OU mesmo as relações da Novell/suse com a microsoft?



greylica

#4
Não, está completamente errado e o foco da discussão está errado na dependência do que se subentende pelo texto.
Aqui no Brasil existe ainda uma complexa e imensa imaturidade em relação ao software livre, e essa é a verdade, por que ao contrário do que se prega, não deveríamos nos focar somente em prestar suporte para o software rponto sem entender nada. Aqui no Brasil realmente somente empresas grandes produzem software para plataforma livre, o que ocasiona uma distorção de mercado e em geral as informações distorcidas levam os programadores a pensar que não existe informação suficiente para utilizar os softwares de desenvolvimento IDE do Linux.
Esses programadores que pregam esse foco errôneo realmente podem ser hipócritas, mas não se encontraram ainda no nicho de mercado por que não sabem como montar sua estrutura de funcionamento com base em software livre, e no futuro podem não ter maturidade para conversar com os seus clientes sobre como ajudá-los com o foco de suas empresas, ou seja , ele vai certamente estagnar no mercado por que tem ainda a visão de programador e não de empresário.

* A primeira coisa que um programador de software deve entender é que seu trabalho quando voltado para objetivos comerciais deve começar pelas necessidades dos seus clientes ainda que sejam poucos.
* A segunda coisa que um emjpresário que quer desenvolver uma solução comercial na qual o seu cliente lhe confia todo um conjunto de soluções é como fornecer o suporte adequado.

Esses programadores devem se juntar aos técnicos para que possam vender uma solução comercialmente viável, independente de ser livre ou não, e mostrar as vantagens aos seus clientes como um conjunto de soluções e não explicar como a roda do software livre gira.
Eu realmente não culpo ninguém pela imaturidade, mas aqui no Brasil ainbda temos uma cultura de protestos contra software proprietário e não estamos ainda no segundo estágio como é o caso da Austrália, que já parou com o jogo de ofensas e desenvolveu estrutura de software e suporte.

Essa discussão de foco errôneo deixa um buraco que vai ser tampado por empresas strangeiras por que o Brasileiro ainda não amadureceu, só está usando o software livre como onda de protestos contra preços e contra os abusos de processos promovidos pelas empresas de software proprietário, e isso faz com que o próprio Brasileiro saia perdendo por que não mostra que os inovadores que tem idéias para atender certos nichos de mercado tem coragem para abarcar como empresários aquilo que acreditam.

Tomo por base um grande amiogo meu que está investindo no ramo de farmácias com o software livre, a partir do momento que a máquina está tão OK como no Windows, e você instala o software de gerenciamento criado por ele, os funcionários da farmácia não precisam entender de mais nada a não ser o serviço deles. Por que é que alguém vai querer ter o controle do computador para instalar joguinho em uma farmácia ?
Mas aí é que está, os funcionários começaram a criar barreiras ( ferrando o dono da farmácia pelas costas e arrumando intrigas )por que estavam acostumados a fazer o que querem com os computadores que sempre estavam quebrados ou com vírus, e quando isso foi resolvido de vez, a reação é de dizer que a vida é chata, comportamento estranho não ?
Para o dono da empresa , que enfrentou e venceu a situação, isso foi um motivo para que os problemas com quebra de computador simpesmente acabassem , por que a conta da manutenção ficava antes quase o preço do suporte de software, mas, é claro, os funcionários " velhos " criaram todos os tipos de barreiras, ainda que a Internet funcionasse perfeitamente nos computadores deles. Eles desenvolveram a síndrome do controle nulo...
Eles querem entender de Windows ou de qualquer coisa que lhes dê controle para que façam o que quiser, mas a máquina não é deles e sim da empresa.

* A hipocrisia verdadeira é que a maior parte dos programadores não quer enfrentar o usuário conm argumentos técnicos para explicar que o software dele pode não ser perfeito como no laboratório, então o defeito pode ser até mesmo a fase da lua quando ele não entende nada, mas eles não se unem com técnicos de hardware e integradores.

Aqui no Brasil não existe a profissão " Integrador de sistemas ", isso é uma grande caca do mercado e é um nicho que venho explorando há anos, isso é o que me sustenta. Programadores precisam de integradores que realmente entendam e vão ao campo conversar e entender o comportamento dos usuários.

A despreparação técnica envolve o Windows também , então por que temer ?

Ontem uma empresa ligou pra mim preguntando por que é que um outro técnico demorou uma tarde inteira para acertar uma rede sendo que todas as configurações de rede possuíam um manual com faixas de subnet, protocolos e tudo o mais, ou seja, bastava ele seguir o manual.
Minha resposta ? ( outra pergunta )
De onde o cara veio ? 
Ahhh, é meu amigo...

Poutz, não tem nem o que falar, eu acertei com o cara por telefone em 5 minutos por que ele não sabia que o 98 em uma rede com server não poderia ter função de servidor por causa do master browser server e tinha formatado a máquina e colocado a função do mesmo como servidor de rede por que um amigo disse que isso ia aumentar o cache de disco e fazer o 98 funcionar mais rápido. ( O amigo do amigo, essas coisas beeeeeemmmm profissionais dos amigos dos amigos na informática... )

Imagine um cara desses no Linux, sem estudo nenhum... vai ser oÔo babaca, falando que software livre não tem padrão...

Então, parem com essa inutilidade de achar que é hipocrisia, primeiro que esses caras que fazem isso e pregam outra coisa nem convivem dia a dia com Linux, eles convivem com qualquer coisa que lhes dê vantagem e não tão nem aí para manuais e essas coisas, a maioria deles aprendeu " na raça " por que o programa é facin. Mas não tem embasamento técnico para fazer coisa grandes portanto não vão ganhar dinheiro nem com livre nem com proprietário nem em empresa grande nem em pequena nem com a própria empresa.

Mas, já que estamos falando da hipocrisia DESSES e não de todos, vai aí a dica, primeiro estudem e convivam dia a dia com o Linux antes de falar besteira, vocês vão aprender que o software livre é feito muito mais de grandes profissionais do que de fanáticos e rebeldes Brasileiros, tudo no Linux tem mais embasamento técnico, o mundo é grande e que vocês, ao agirem dessa maneira estão perdendo tempo e clientes como empresários.

greylica

#5
Citação de: gabriel0085 online 05 de Janeiro de 2007, 07:03
CitarSe o Desenvolvedor X faz um dinheiro com software proprietário e tem tempo livre para suportar e contribuir para a comunidade de software livre, isso é bom. As pessoas não vivem de vento, e não é todo mundo que se arriscaria a perder um bom salário para viver de doações esporádicas; ter segurança financeira para poder fazer o que gosta é importante. Inclusive - e por que não? - a experiência do Desenvolvedor X em seu trabalho com software proprietário pode até mesmo ajudar em seu trabalho com software livre.

Doações são sempre benvindas, mas o que move esses que fazem isso ( vida dúbia ) é o fato do nome deles ser citado para sempre :) e descontentamento com o emprego, assim, como aquele cara que trabalha em um supoermercado e quer ir para outro por uma pressão psicológica menor ou um salário maior, eles ficam pé lá e outro cá. Estamos cansados de ver gente que abandona empregos milionários para ter sossego na vida.
Vocês estão esquecendo que as distros repassam dinheiro de doações sustentando os programadores como se fossem funcionários...
É como uma cooperativa que paga o trabalho deles.  O software proprietário diz que esse dinheiro não existe para os governos que em sua maioria abolem impostos para doações espontâneas, tentando alegar que isso é ruim para os governos que não arrecadam impostos com software livre, mas fundações precisam pagar seus funcionários e impostos vão para o governo sim. Além disso, o que não se arrecada com impostos diretos como no caso de venda de software, é arrecadado indiretamente e também há benéfices por que o governo pode usar os softwares livres em retorno, economizando o que deixa de arrecadar. Fora a estrutura de suporte.


CitarEu me pergunto, não será perigoso abrir estas exceções em questões de critérios tão subjetivos? Até que ponto isso abre precedentes arriscados para a comunidade? 
Você diz que  o desenvolvimento de proprietáro pode ajudar no desenvolvimento de livre, mas não o inverso. Ler softwares livres de um determindo foco  e ter de produzir proprietário com os mesmo objetivos tempos depois: Será que é possível não ter absorvido nada que vá te influenciar em teu projeto? Isso seria desonesto?
E, sob essa perspectiva que você citou, como julgar e criticar por exemplo: A não abertura dos drivers da  nvidia? A relações da apple com o BSD? OU mesmo as relações da Novell/suse com a microsoft?

Concordo com você, mas a fase de transição tecnológica é complicada e gera esses distúrbios mesmo. Critérios subjetivos não existem, o software livre é mais claro em seus estatutos até mesmo além do software proprietário, onde você compra uma licença por exemplo da Microsoft em que o software é licenciado á você como um contrato mas eles alegam que a ativação do software o licencia para a placa mãe do seu computador e não para você ( em off-line , é claro... por que isso não é específico do contrato, você só descobre quento tem um problema, descobrindo que pode ter dois...:) ) forçando uma ligação para fornecer satisfaçoes do que você fez com seu computador em caso de troca de placa mãe, sendo OEM ou não...
Não conheço um comportamento de licença mais estranho que esse...


As relações do Apple com o BSD:
Todos tem relações com o BSD, inclusive a Microsoft e até eu :), O BSD é um sistema baseado em Posix quase 100% , mas o que o torna base para muita coisa é por ele ser aberto. A base do windows NT é uma cópia do FreeBSD modificada e a Microsoft usou FreeBSD em todos os seus servidores do Hotmail até o final de 2003 ou 2004 se eu não em engano com apache. Muitos dizem que o software livre copia o proprietário, mas o FreeBSD foi o pai de todos as revoluções que tivemos em termos de estabilidade e confiabilidade até hoje, Nem o Linux supera a solidez do FreeBSD, mas... Ele estagna em muitos aspectos onde o Linux já superou as expectativas.
Todos os kerneis mais novos estão oferecendo a mesma estabilidade de Unix Puro, melhor impossível.

Relações da Microsoft com a Suse:
Puro veneno.

Nvídia e ATI:
Muita tecnologia como macrovision protection em caso de placas de captura e muitas funções do Direct -X são proprietárias o que impede da Nvidia e ATI abrirem os seus drivers, mas, a notícia boa é que estamos caminhando pare um entendimento onde pode ser que esses fabricantes fabriquem placas específicas para OpenGl somente e drivers abertos. A ATI já abriu parte do driver das Radeon após uma pressão violenta. Mas ainda é em suma o que causa muitos problemas para o Mundo Linux. Mas nada impede de outros fabricantes virem a vender placas exclusivas.

A questão de dubialidade se define quando uma empresa define para qual plano sua missão funciona, nem para todas as empresas o software fechado é bom assim como para nem todas o Livre é bom, então teremos o divisor de águas. Nem tudo funciona como um comodity, e eu não sou tapado apesar de defender o software livre.

Mas o software proprietário só vai resolver isso quando tiver regras mais claras, começando pelos cabeças do grupo : a Microsoft.

Mas vamos continuar se quiser o papo é quente...



greylica

#6
Resumindo: Desenvolver software proprietário, e defender arduamente a plataforma livre é hipocrisia?

Agora respondo sua pergunta:

Sim !!!

É hipocrisia, e se eu lesse a revista talvez mandasse esses caras procurarem assistir o " Pequenas empresas, grandes negócios " ou procurar o Sebrae para aprender o que é gerenciar uma empresa.
O software livre é um grande negócio e gera lucro sim, mas aqui no Brasil a imaturidade está acabando com o foco do software livre, e isso é justamente o lobby que eles querem para afundar com tudo.
É tão verdade o que estou dizendo que a Adobe já tem o Flash para Linux a ser lançado neste ano e ontem baixei o Acrobat Reader, funciona mais rápido que no Windows, ou seja, o Brasileiro vai continuar esperando a solução vir de fora para simplesmente adotá-la.
Assim como no programa do Jô, bem como aqueles estúpidos, esses aí não deveriam falar pela comunidade por que não sabem guiá-la, por que também não sabem se guiar. Se eles pensam assim que escolham o lado, é melhor regras claras que subjetividade, bem como a resposta que dei sobre a subjetividade do contrato EULA da Microsoft e suas atividades reais em relação a não licenciar para você e sim para sua placa mãe.

greylica

Puxa, o rapaz nem voltou mais, nem para dizer se precisa perguntar mais alguma coisa ou tomar um café comigo...???