excelente review sobre o ubuntu 7.10

Iniciado por carioca, 05 de Janeiro de 2008, 23:42

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carioca

oi, pessoal do forum ubuntu Brasil,

O que acham desse excelente review sobre o ubuntu 7.10? um abraço.


"O mês de outubro chegou e com ele a tradicional versão semestral do Ubuntu, uma das distribuições Linux mais populares da atualidade segundo dados do site DistroWatch.

O Ubuntu Linux 7.10 "Gutsy Gibbon" (Gibão Valente) mantém a tradição de uma distro pequena (apenas 700 MB em um CD), estável e fácil de usar estabelecida por seus antecessores e traz melhorias em várias áreas. Pode não ter as "mais de 300" novidades de um Mac OS X Leopard, que chega no dia 26, mas as mudanças existentes são para melhor e fazem toda a diferença no dia-a-dia do usuário: configuração automática de impressoras, suporte melhorado a hardware (até WinModem funciona), efeitos 3D na interface, busca no desktop, multimídia fácil e que funciona e muito mais.

Interessado? Visite o site oficial e coloque já sua cópia na fila de download (recomendamos o uso do BitTorrent). E enquanto ela não vem, pegue uma xicará de café e nos acompanhe neste review.

A máquina de testes
Nossa máquina de testes é um notebook Positivo M25 com processador Intel Celeron M de 1,45 GHz, 512 MB de RAM, disco rígido de 40 GB e uma unidade ótica combo (lê DVDs, grava CDs). O monitor LCD tem 13 polegadas e resolução de 1280×800 pixels (widescreen). O chipset de vídeo é o Intel 915GM. A interface Ethernet é uma Realtek RTL8139, e a wireless é uma RaLink RT2500 (802.11b/g). O modem é um WinModem Motorola SM56. Também há um leitor de cartões integrado (com suporte a SD, MMC e Memory Stick) ligado internamente ao barramento USB.

Os únicos periféricos usados freqüentemente com a máquina são um adaptador Bluetooth USB (X-Micro Bluetooth USB Dongle 2.0 Plus) e um mouse Bluetooth HP PC Card Mouse (na verdade uma versão OEM do MoGo Mouse BT).

Instalação
Assim como nas versões anteriores, e em contraste com a maioria das distribuições Linux modernas, o Ubuntu 7.10 é distribuído em um único CD, que contém tanto um ambiente desktop completo, que pode rodar direto do CD sem necessidade de instalação no disco rígido (Live CD), como um instalador gráfico fácil de usar, baseado em assistentes.

Em comparação à versão anterior, na mesma máquina, é fácil notar que o Live CD está mais "pesado": ele foi 65% mais lento para iniciar (tempo medido entre o menu de boot e o surgimento do desktop completo na tela) e 320% mais lento para abrir o OpenOffice.org rodando diretamente do CD.

O instalador é o mesmo usado na versão anterior, sem mudanças visíveis na interface. Instalamos o sistema com particionamento automático ocupando todo o disco rígido, que foi dividido em uma partição de swap com cerca de 1,5 GB (3x a quantidade de RAM física instalada) e o restante em uma partição contendo todo o sistema e os diretórios de usuário.

Suporte a hardware e desempenho
O hardware de nossa máquina de testes tem um histórico de bom suporte sob o Linux, mas a última versão do Ubuntu introduziu alguns problemas de compatibilidade, como com a interface de rede wireless, que detectava mas não se conectava a nenhuma rede, e um mouse Bluetooth que causava congelamento do sistema se estivesse "plugado" no slot PCMCIA durante o boot. O modem nunca foi suportado diretamente por nenhuma distribuição, embora fosse possível fazer uma complicada configuração manual.

Entretanto, a nova versão do Ubuntu muda este cenário para melhor. Logo no boot pelo Live CD a interface wireless foi ativada e a rede interna foi detectada e configurada. Após a instalação o Gerenciador de Drivers Restritos surgiu na tela, avisando que há um driver não-livre para o modem e perguntando se queríamos usá-lo. A presença do mouse não congela mais o sistema durante o boot, e o adaptador Bluetooth foi automaticamente configurado assim que plugado a uma porta USB. O leitor de cartões funciona bem como sempre, e o painel de controle do touchpad (produzido pela Synaptics) permite habilitar scroll horizontal e vertical tocando nas bordas do dispositivo.

O único porém foi na configuração de vídeo: tive de instalar o pacote 915resolution e alterar manualmente alguns arquivos de configuração para habilitar a resolução correta do monitor, num procedimento idêntico ao demonstrado em nosso teste com o Positivo W98. A aceleração 3D foi ativada automaticamente, bem como o Compiz e seus efeitos especiais na interface.

No geral o Ubuntu 7.10 rodou tão bem quanto a antiga versão 7.04 na mesma máquina. Na verdade rodou melhor, considerando que a mais recente tem o Compiz sempre habilitado, e a antiga ainda usava o desktop 2D. Falando no Compiz, ele está notavelmente mais rápido em relação a versões anteriores, e a máquina consegue rodar vídeo em tela cheia sem engasgos nem falta de sincronia. Vale lembrar que, segundo o índice de desempenho do Windows Vista, a placa de vídeo Intel 915GM integrada na máquina não tem poder de processamento suficiente para rodar o que são, basicamente, os mesmos efeitos.

Multimídia
O Ubuntu 7.04 introduziu um sistema de instalação automática de codecs multimídia, e na versão 7.10 ele funciona muito bem. Ao tentar reproduzir um formato de arquivo não suportado, o media player (Totem) informa ao usuário de que é necessário instalar codecs extras e apresenta uma lista com as opções (classificadas por popularidade). Não tem erro, basta selecionar a mais popular e clicar no botão Install. O método funcionou sem problemas para arquivos MP3 e vídeos em DiVX e XviD, mas ainda pode ser simplificado: ao tentar reproduzir um vídeo em Quicktime tive de instalar dois codecs separadamente. Na primeira tentativa, o Totem encontrou o codec de vídeo, e na segunda, o de áudio.

Totem: o media player do Ubuntu 7.10

Infelizmente o método de instalação automática não funciona com DVDs. O Totem até exibe uma mensagem de que faltam os codecs adequados, mas não sugere nenhum pacote a instalar. Para reproduzir DVDs é necessário instalar os pacotes libdvdnav (parte da distribuição do Ubuntu) e libdvdcss (fornecido por projetos paralelos, como o Medibuntu). Mas ainda assim as coisas não funcionam perfeitamente. Quando um DVD é inserido no drive, o Totem começa a reproduzir o disco automaticamente, mas sem os menus. Mas se você fechar o player, abrí-lo novamente e clicar em Movie/Play Disc, vai receber uma mensagem de falta de codecs, mesmo que eles já estejam instalados.

Videolan: a melhor opção para DVDs no UbuntuA melhor saída para reproduzir DVDs é instalar o Videolan (também conhecido como VLC), parte do repositório Universe. Em relação ao Totem ele tem a vantagem de também reproduzir os menus dos discos, e pular automaticamente aquelas telas iniciais incômodas com avisos sobre direitos autorais ou trailers obrigatórios. Mas mesmo depois de instalar o Videolan, o Totem vai continuar sendo o player padrão quando um DVD for inserido no drive. Para mudar isso, clique em Sistema | Preferências | Unidades de Disco e Mídia Removível e na aba Multimídia, sob DVD de Vídeo, altere o conteúdo do campo Comando: para:

vlc dvd:///dev/dvd --vout-filter deinterlace –deinterlace-mode=blend

Vale notar que tanto o Totem quanto o Videolan agora conseguem tocar vídeo em tela cheia sem problemas quando o Compiz está ativado. Na versão anterior do Ubuntu, o vídeo era reproduzido normalmente em uma janela, mas tudo o que o usuário via em tela cheia era uma tela preta.

As novidades
O melhor suporte a hardware, e os efeitos especiais na interface gráfica, são as principais mudanças que o usuário vai notar logo de cara ao começar a usar o sistema. Mas não são tudo. Há inúmeras outras melhorias que, embora menos visíveis, fazem bastante diferença no dia-a-dia.

Uma delas é o suporte nativo a leitura e escrita em partições NTFS, algo que faz falta há muito tempo. Nas versões anteriores do Ubuntu era necessário instalar o Captive, um sistema que usava o driver NTFS nativo do Windows, para escrever em partições e discos NTFS. Mais recentemente, uma alternativa era instalar e configurar o NTFS/3G, o que podia ser feito com ferramentas como o Automatix. Agora isso não é mais necessário, pois os recursos do NTFS/3G já vêm incorporados ao Ubuntu 7.10, e todas as partições NTFS são montadas por "default" com permissão de escrita (embora você possa desativar isto, se quiser, editando o bom e velho /etc/fstab).

O sistema de impressão também foi aprimorado, e agora o Ubuntu pode instalar e configurar automaticamente uma impressora assim que ela é plugada a uma porta USB. Testei este recurso, que funcionou perfeitamente com uma HP Deskjet 840C. Em uma recente entrevista coletiva, Mark Shuttleworth, CEO da Canonical e fundador do projeto Ubuntu, comentou que o nível de compatibilidade e os recursos do sistema de impressão do Gutsy Gibbon estão a par com o do Mac OS X, o que faz sentido, já que ambos são baseados no CUPS. "Se uma impressora funciona no Mac, funciona no Ubuntu", disse Mark.

Tracker: o sistema de busca no desktop no Ubuntu 7.10O OpenOffice Writer abre (mas não salva) documentos do Word 2007. O Calc ainda não tem esse recurso. E falando em documentos, o Gnome (na versão 2.20), ambiente desktop do Ubuntu, finalmente ganhou um sistema de busca no desktop integrado. Ao contrário do que muita gente esperava, ele não é o Beagle, mas sim o Tracker, um equivalente com os mesmos recursos com algumas vantagens, como um consumo menor de recursos do sistema. Ao fazer uma busca (usando o ícone no painel ou chamando a caixa de busca com Alt+F3) os resultados incluem seu histórico de uso da máquina, busca na Web, ações, bookmarks e documentos e imagens.

Um painel de controle permite ajustar as preferências de indexação, como o consumo de memória, limites no tamanho dos arquivos que serão indexados, arquivos e diretórios que deverão ser monitorados ou ignorados e preferências para indexação de e-mail. Curiosamente, o painel tem opção para indexar as mensagens do Evolution, mas as opções correspondentes para o Thunderbird e o Kmail estão desabilitadas.

O painel de controle Aparência une diversos painéis antigos em um sóEntre outras mudanças no Gnome estão a simplificação de alguns painéis de preferências. Por exemplo, o novo painel Aparência engloba os antigos Fontes, Background, Toolbars e Desktop Effects. Outra novidade é o User Switcher (Troca de Usuário), recurso já conhecido de quem usa o Mac OS X ou o Windows XP/Vista. Você pode deixar uma sessão desktop rodando "em segundo plano" e abrir uma nova sessão, como um usuário diferente, e alternar entre elas à vontade. Bom para quem compartilha o mesmo micro com parentes, que às vezes precisam dar "uma olhadinha" em algo bem na hora em que você está rodando algo que não pode ser interrompido.

O Firefox tem um sistema de instalação de plug-ins ligeiramente modificado. Ele continua sugerindo, automaticamente, o plug-in correto para ver o conteúdo de uma página, mas agora os plug-ins são baixados e instalados via Synaptic. Um plug-in interessante é o Gnash, uma alternativa livre ao Adobe Flash. Ainda em desenvolvimento (a versão atual é a 0.8.1) ele já permite ver alguns sites e animações, mas não está preparado para substituir o plug-in da Adobe. Tive problemas com animações interativas, como no arquivo de tirinhas passadas em Garfield.com, um site praticamente todo em Flash. O Gnash tem suporte a Flash Video, mas os vídeos do Youtube (exemplo mais popular da tecnologia) tocam numa velocidade muito abaixo do normal, e com os controles de reprodução corrompidos.

Flash (à esquerda) vs. Gnash (à direita). Note os controles incorretos no Gnash

A nova versão do Ubuntu também tem destaques na área de servidores, que está fora do escopo deste review. Entre elas AppArmor (maior proteção contra Buffer Overflow durante a execução de código) e perfis pré-definidos de instalação, como servidor de e-mail, banco de dados, impressão e arquivos. E surge no mercado mais uma variante do Ubuntu: depois do Kubuntu, Xubuntu, Edubuntu e Ubuntu Studio, é a vez do Gobuntu, baseado apenas em software livre (sem exceções). A idéia é oferecer aos usuários uma distribuição amigável e de alta qualidade que não conflite com a filosofia do software livre, como definida pela Free Software Foundation.

Considerações finais
O Ubuntu 7.10 não só é a melhor versão do Ubuntu que já testei, como uma das melhores distribuições Linux entre as muitas que já passaram pelas minhas mãos em vários anos lidando com o pinguim. O suporte a hardware é excelente (até mesmo Winmodems funcionam) e o recurso de instalação automática de codecs e a integração dos plugins do Firefox ao Synaptic praticamente dispensam o uso de software para "aparar as arestas", como o popular (e recentemente controverso) Automatix.

Gostaria de ver um suporte a DVDs que simplesmente funcione sem necessidade de ajustes e instalação manual, mas entendo que questões ligadas a royalties e licenciamento complicam uma possível solução. Se você quer experimentar o Linux, ou está pensando em mudar para uma distribuição que "simplesmente funciona", vá de Ubuntu. Não tem como errar."
fundador dos seguintes suportes oficiais no Brasil:
Mageia do Brasil em http://mageiadobrasil.com.br/forum/
siduction Br em http://portal.siduction.com.br/

NaGeral

Cara, muito bom esse seu material. Parabens!!!!

Eu, que sou iniciante em Ubuntu e também em Linux, já estava satisfeito com o novo sistema, agora estou ainda mais satisfeito de ter feito a escolha pelo sistema MAIS IDEAL.

Confesso que estava receoso no início, quando tomei a decisão de migrar 100% pra Ubuntu.
Confesso também que apanhei um pouco, mas beeemmmm pouco (foi só na conversão das mensagens do Outlook 2003 pra Evolution). Consegui puxar todas as mensagens, com absoluta fidelidade.
Mas agora estou satisfeitíssimo.

Parabens pelo post.

Valeu!!!

Luís Otmar
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Eng. Agr. Luís Otmar Belló

"Não existe triunfo sem perda, não há vitória sem sofrimento, não há liberdade sem sacrifício". (Senhor dos Anéis - O Retorno do Rei)

FernandoCordeiro

Cara que lindo!
Fiquei até com lágrima nos olhos...rsrsrs

Muito bom, vou enviar o artigo para uns amigos WinUsers !
"Existem 10 tipos de pessoas no mundo: as que conhecem código binário e as que não."