Sejamos justos! Muito da vulnerabilidade do Windows se deve exatamente a sua condição monopolista: nenhuma equipe, por melhor que seja, poderia enfrentar milhares de pessoas inventando vírus e troianos sem cessar para o mesmo sistema operacional. A própria diversidade de opções que o Linux oferece a cada distribuição limita e muito a vulnerabilidade do sistema ao mesmo tipo de "contágio". Mas se o próprio Ubuntu fosse monopolista é bem provável que sua resistência não fosse muito maior. Pelas próprias características do Linux, o usuário poderia livrar-se do vírus mais facilmente, mas mesmo assim o "contagio" existiria!
Acredito que restringir ao máximo o uso do terminal seja sim uma meta do Ubuntu. Não há nova versão do Ubuntu que não facilite a vida do usuário neste aspecto. Mas sob um Ubuntu fácil, cheio de utilitários gráficos de fácil emprego pelo usuário "ser humano" comum, haverá sempre uma outra distro, onde a configuração via terminal e editor sempre será o meio mais fácil de configuração e gestão por parte do usuário programador ou simplesmente mais experiente.
Mas criar um utilitário gráfico não é tarefa tão simples como pode parecer a princípio e requer muitas vezes um cálculo estratégico importante. No caso do Ubuntu, por exemplo, que pretende o máximo de integração ao desktop padrão, há sempre necessidade de um certo sincronismo com Gnome, o mesmo acontecendo com o Kubuntu em relação ao KDE. Afinal, um utilitário gráfico desenvolvido por meio da concentração de muitos esforços pode rapidamente tornar-se redundante em relação a outro, criado pelos desenvolvedores do desktop. E há também a dificuldade de escolher o programa que servirá de base para a interface gráfica. Muitos vezes, ao tornar-se anacrônico, ele condena também sua interface gráfica.
Imagine um aplicativo gráfico para configuração do monitor baseado no XFree86 (na verdade, havia um muito bom, desenvolvido pelo pessoal do KDE). Com a mudança para o Xorg, ele teria sido "condenado". Assim, muitas vezes, despender muitos esforços no desenvolvimento de certas interfaces gráficas, do ponto de vista estratégico, pode não ser a melhor escolha.
O dpkg é um exemplo disso. O famoso dpkg-reconfigure xserver-xorg pode não parecer muito amigável a princípio. No entanto, depois de utilizá-lo três ou quatro vezes ele me pareceu bem simples. Se houvesse no menu Ferramentas do Sistema ou no Sistema>Administração uma opção Configurar o Ambiente Gráfico (ou em linuxês mais castiço, Rodar o X) com uma boa tela inicial de instruções, duvido que muita gente teria dificuldade em fazer uso dele com sucesso e relativa facilidade. Configurar o Debian (no caso, o Ubuntu) não é tão difícil como parece. E com a vantagem deste dpkg-reconfigure xserver-xorg ser bem mais leve que o Centro do Controle da Mandriva, por exemplo, e acessível de todos os ambientes gráficos (Gnome, KDE, Xfce, etc.).
É provável que, desenvolvido o instalador gráfico do Debian, boa parte de suas telas possam ser empregadas, depois de instalado o sistema, como utilitários gráficos de configuração, tal como acontece hoje com algumas telas do instalador Anaconda na Fedora Core. É uma solução inteligente e avessa a redundâncias. Penso que, em muito pouco tempo, teremos coisa parecida no Debian e derivatives. Então, penso que está muito próximo o dia em que a maioria de nós passará longe do terminal ao utilizar o seu Linux. Mas que ele estará lá no, submenu Acessórios do meu Gnome, disto eu tenho certeza!