Vamos ficar só num dos ramos da cultura: a música. Originalmente, lá bem antigamente, os artistas ganhavam a vida cantando em shows.
Só mais um coisinha: eu acho que isso aconteceu com todo o tipo de produção cultural. Não tão antigamente assim, quer dizer, antes da Idade Moderna, a noção de autor era bem diferente da que e hoje. Não havia essa coisa de direitos do autor e tal. A Odisséia, por exemplo, nada mais é do que a união de várias histórias populares do período. Sim, houve alguém que as uniu e tudo o mais, mas essa figura não tinha o mesmo status que tem agora. Hoje em dia tem o plágio, os direitos de cópia, de reprodução, e ai de quem não respeitar isso! Foi na época do Romantismo que o autor ganhou mais força, já que os caras achavam (e é o que a gente também acha, hj, o senso comum e geral) que todo o potencial criativo estava com o autor ali, de carne e osso, da cabeça dele e de mais nada. Por isso, nada mais lógico do que proteger o que sair desse potencial, pra que ninguém o copie e pra que fique marcado que foi tal pessoa que fez. O que a era digital faz é desmantelar tudo isso e (quem sabe?) voltar ao que era antes, já que tudo pode ser distribuído mto facilmente e a noção de autor e autoria acaba se perdendo. Por isso as reações contrárias e a solução mais fácil de dizer que é pirataria. Quem iria pensar em pirataria, na Grécia de Homero, já que todos conheciam de certa forma as histórias, que eram passadas oralmente por entre as gerações?
Concordo com você. Aliás, já existem propostas para equacionar este tipo de coisa e remunerar quem realmente deve ser remunerado: o artista, que cria ou que interpreta a criação.
Uma delas é que deveria ser cobrado de todos que usam banda larga uma taxa adicional (digamos, 5 dólares) e aí todos poderiam fazer os downloads que quisessem. Essa taxa, então, seria acumulada e rateada entre artistas e produtoras de mídia (gravadoras, estúdios de cinema, TVs, etc.) proporcionalmente ao volume baixado (quem teve mais downloads, recebe mais). É claro que seriam necessários alguns controles para evitar que alguém baixasse uma mesma música ou filme várias vezes só para aumentar artificialmente o interesse nele e remunerá-lo melhor.
E, apesar de aparentemente 5 dólares não ser um valor assim tão alto quando considerado individualmente, já li que isto, só nos EUA, mais que duplicaria o faturamento atual das produtoras com vendas de CDs e DVDs. Ou seja, ninguém perderia nada. Só que isto implica numa mudança radical do mercado e é claro que as produtoras (principalmente gravadoras) têm um medo enorme pois pode haver o questionamento que citei em meu outro post: se a gravadora não distribui mais os discos nem precisa de um marketing tão agressivo para "vender" o artista, por que ela teria que ficar com a parte do leão neste rateio e não o próprio artista? Ou, melhor dizendo, para que o artista precisaria da gravadora já que ele próprio poderia gravar e disponibilizar sua música na web?
Um abraço.
(Aliás, daqui a pouco a moderação vai bloquear este tópico pois nós já viajamos pra muito longe de software livre, Linux, Ubuntu e quetais... *rs*)