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Iniciado por KubLin, 26 de Abril de 2006, 12:32

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trecho do curso de Software Livre

Módulo 7 - Desafios

Após o impacto, o desafio

Com certeza, o movimento do software livre é de grande importância, pois afeta a estrutura da indústria de software e obriga a revisão de algumas práticas comerciais de licenciamento. Já observamos claras mudanças na própria maneira como o software passa a ser distribuído e remunerado.

O software livre pode causar sérios transtornos nas empresas extremamente dependentes de licenciamentos de softwares em seus modelos de negócio. Um novo cenário de negócios, causado por uma tecnologia de disrupção que atua diretamente na faixa de mercado da corporação, torna o seu crescimento mais árduo, gerando por parte dessa empresa reações bastante agressivas para evitar eventual percepção negativa dos investidores. Entretanto, os impactos do novo contexto afetam de maneira diferente as corporações do setor.

Assim, uma companhia que atua intensamente em serviços pode rapidamente aumentar sua receita entrando forte nesse novo segmento. Por outro lado, uma empresa que obtém a maior parte de sua receita de licenças de software, com serviços (sendo uma receita marginal), é afetada negativamente. Pressionada pela redução de preços, causada pela entrada de uma alternativa de software livre diretamente concorrente de seu produto premium, ela será tentada a levar para a faixa de baixo do mercado seu modelo de negócios de lucratividade mais alta, vendendo seus produtos a preços menores que os praticados normalmente ou criando versões mais simples.

Mas, na prática, pouco ou quase nada dessa receita incremental se transfere para a lucratividade, porque todo aumento de receita decorrente do maior volume de vendas acaba sendo absorvido pelos seus próprios custos. O modelo de software livre vai transformar a indústria de software, mas não de maneira uniforme. Conviveremos sob ambos os modelos, softwares livres e proprietários, e que cabe à indústria e aos usuários extrair o melhor das alternativas disponíveis.

A condição que favorece a adoção do software livre por empresas comerciais depende da estratégia de negócios que será adotada para fazer com que o software livre seja contributivo para suas próprias atividades empresariais. Isto pode acontecer por diversas razões. A primeira delas se dá quando a empresa entende que determinados softwares do seu portfólio estão caminhando para um rápido processo de commoditização (reduzido ao nível de mercadoria comum) e não seria mais justificável manter custosas equipes de desenvolvimento e manutenção, pois esse investimento não teria retorno do mercado.

O estágio de commoditização aparece quando os clientes não mais percebem valor nas melhorias e inovações incluídas pelo vendedor em seus produtos de software, fruto dos trabalhos das suas equipes de pesquisa e desenvolvimento. As funcionalidades já existentes atendem perfeitamente bem as necessidades dos clientes, que por sua vez, não desejam pagar mais por nenhuma outra funcionalidade adicional. O fator mais importante de competição nesse estágio passa a ser o preço.

Outro critério para a adoção do software livre é quando a empresa concentra-se em partes do software que ainda apresentam oportunidades de diferenciação competitiva, liberando apenas a parte do código commoditizável para a comunidade. Esses produtos mais sofisticados obrigam a empresa a buscar as faixas superiores do mercado, mais exigentes em suas demandas. Por outro lado, essa faixa de mercado leva a margens de lucro mais altas e à tendência natural de descartar as faixas inferiores. A opção de liberar código à comunidade aparece como uma alternativa interessante para continuar competindo nesse segmento inferior do mercado.

Em linhas gerais, existe também a possibilidade de utilizar um software livre quando a empresa entende que determinado software gera mais receitas em serviços como instalação, suporte e integração e concentra-se nessa atividade, deixando com a comunidade a tarefa de evoluir e manter o software. E ainda quando uma empresa de hardware pode vender mais hardware se existir maior disponibilidade de software para seu equipamento e não tem condições de gerar esse software, por si, de maneira economicamente viável.

   Fator cultural é uma das barreiras

Em todas as esferas, seja pública ou privada, uma das maiores barreiras para o uso do software livre ainda é cultural. O desconhecimento dos aplicativos existentes em software livre e as suas potencialidades, além do hábito de utilizar os programas já conhecidos podem levar a uma resistência à mudança. Portanto, não bastam investimentos nas tecnologias, é preciso uma capacitação para essa mudança.

Com intuito de superar esse entrave, o governo já está tomando providências com eventos de capacitação dos servidores públicos. No ano passado, em Brasília, ocorreu a Semana de Capacitação em Software Livre, que contou com a participação de mais de 5 mil servidores de 124 instituições municipais, estaduais e federais distribuídos em 98 cursos. O investimento de R$ 300 mil teve como objetivo principal capacitar os servidores para implementar e gerenciar, em suas instituições, plataformas e aplicativos baseados em códigos abertos.

Os cursos foram divididos em eixos temáticos como gestão e suporte em software livre, bases de dados, infra-estrutura e desenvolvimento de software. Os servidores capacitados nesses cursos devem servir como multiplicadores da proposta em suas instituições de origem. Uma proposta que tem como foco a busca pela inserção da discussão sobre a importância e benefícios do software livre nos diferentes níveis do governo. Essa inserção é considerada pelos organizadores como um dos grandes desafios do governo federal para a mudança dos órgãos públicos em todo o Brasil. Não existem, entretanto, incentivos financeiros para a adoção desse novo modelo.

A mudança cultural para a utilização do software livre passa, ainda, por outro espaço: a escola. O ensino de informática em escolas é, atualmente, baseado no uso de sistemas e programas proprietários. Nesse modelo vigente, os alunos não aprendem informática, mas sim a utilização de um produto específico. No ensino de informática baseado em software livre, os alunos devem aprender os conceitos envolvidos em um editor de textos ou de planilhas, por exemplo.

O Rio Grande do Sul é pioneiro no uso de software livre na administração e no sistema público de ensino. As escolas participantes do programa "Rede Escolar Livre" tiveram como base o uso do Linux em seus servidores. O projeto abrange também 10 núcleos de tecnologia educacional voltados para a capacitação de professores.

A "Rede Escolar Livre" foi implementada em parceria com o programa federal ProInfo, voltado para a aquisição de equipamentos e softwares e capacitação de professores. Criado em 1997, o ProInfo não tinha como um de seus objetivos o uso de software livre. Isso se refletiu, de certa forma, em obstáculos visualizados por professores na avaliação do programa em 2002: a falta de licenças de softwares foi considerada um grande problema para o desenvolvimento das atividades nos laboratórios de informática montados. Um obstáculo que não existiria caso o software livre fosse adotado nesses espaços. Segundo dados do Departamento de Informática na Educação a Distância do Ministério da Educação, de 1997 a 2002, o ProInfo equipou mais de 4 mil escolas com cerca de 54 mil computadores, um investimento de R$ 207 milhões entre aquisição de equipamentos e softwares e capacitação de professores.

Outra iniciativa federal que envolve a informatização de escolas é o Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust). O Fust é constituído por 1% da receita das operadoras de telefonia, de TV por assinatura e outros serviços de telecomunicações, e, em 2001, parte desses recursos foi destinada à compra de equipamentos e instalação de acesso à internet em mais de 12 mil escolas de ensino médio no país.

Na época, a exigência de um sistema computacional proprietário na maioria das máquinas levou à paralisação judicial do projeto por dois anos. Segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações, o Fust possui, hoje, R$ 3 bilhões acumulados para a implementação de pontos de acesso à internet em todo o país. Entre outras instituições contempladas, está prevista a instalação de computadores em 185 mil escolas e 300 mil pontos de conexão para internet em escolas e bibliotecas públicas por todo o país. Dessa vez, a compra de softwares proprietários não está incluída.
   Mão-de-obra é um dos maiores desafios

As perspectivas de adoção do software livre são promissoras. Em 2005, os projetos envolvendo o Linux no País devem ultrapassar os US$ 7,3 bilhões, valores previstos pela e-Consulting. Mesmo assim, ainda não existe espaço para todos os desenvolvedores trabalharem. O maior desafio é a sustentação econômica. De toda a comunidade de desenvolvedores no Brasil, apenas uma minoria consegue sobreviver da programação, sem ferir seu compromisso com o software livre. A maioria ainda escreve suas linhas de código nas horas vagas, trabalhando em outras atividades, relacionadas à computação ou não.

Como o software livre não é obrigatoriamente gratuito e uma vez adquirido o usuário tem o direito de copiá-lo e distribuí-lo para quem quiser, as empresas que não têm o software como atividade principal, como a americana IBM e a Cyclades, multinacional criada por brasileiros, estão conseguindo prosperar com o software livre. O problema são aquelas que têm no software sua atividade principal.

A defesa do software livre, porém, está bastante vinculada à esfera governamental em diversos partidos. Além das administrações petistas, o governo estadual de São Paulo, do PSDB, decidiu dar preferência a esse tipo de programas abertos, assim como a prefeitura de Solenópoles (CE), também do PSDB. A Frente Parlamentar Mista pelo software livre tem como presidente de honra o senador José Sarney, do PMDB.

O que conta muito em favor do Linux é a convicção dos seus defensores, pois não é fácil competir com os 15 mil parceiros certificados que a Microsoft tem no Brasil. Além de sua dominação de 95% do mercado de sistemas operacionais para computadores de mesa, a maior empresa de software do mundo usa a organização descentralizada da comunidade de software livre como um dos argumentos a favor do Windows e do Microsoft Office.

Um cliente precisaria integrar 17 produtos de diferentes fornecedores se fosse usar o software livre para seu sistema de certificação. Existem diversos exemplos malsucedidos em software livre, mas estão mais ligados à falta de profissionalismo de prestadores de serviço em software livre que problemas de tecnologia. Afinal, grandes empresas brasileiras, como as Casas Bahia, a Telemar e a Petrobras, já abraçaram o Linux em atividades importantes.
   Lição de casa para as distribuições

Uma grande desafio para o futuro do software livre vem da tendência das empresas de distribuição do Linux adicionarem software não-livre ao GNU/Linux, em nome da conveniência e do poder. Todos os maiores desenvolvedores de distribuição fazem isso. Só a Red Hat oferece um CD completamente livre, mas nenhuma loja o vende; as outras empresas nem mesmo produzem tal produto. A maioria não identifica claramente os pacotes não-livres em suas distribuições; muitas até mesmo desenvolvem software não-livre e o adicionam ao sistema.

As pessoas justificam a adição de software não-livre com o argumento da "popularidade do Linux" , valorizando a popularidade acima da liberdade. Por vezes isso é admitido abertamente. A adição de software não-livre ao sistema GNU/Linux ajuda a aumentar a popularidade, se nós entendermos por popularidade a quantidade de pessoas utilizando parte do GNU/Linux em conjunto com software não-livre. Mas ao mesmo tempo, essa prática estimula a comunidade a aceitar software não-livre como algo bom, e a esquecer a meta de liberdade. Não há propósito em ir mais rápido se não formos capazes de nos manter no caminho.

Quando o "add-on" não-livre é uma biblioteca ou ferramenta de desenvolvimento, ela pode se tornar uma armadilha para os desenvolvedores de software livre. Quando estes escrevem software livre que depende de um pacote não-livre, o software não pode ser parte de um sistema completamente livre. Isso cria problemas, cujas soluções demoram anos para ficar prontas.

Se a liberação de alternativas livres fosse apenas uma questão de programação, a solução dos problemas no futuro se tornaria mais fácil na medida em que os recursos de desenvolvimento da comunidade aumentam. Mas há obstáculos que ameaçam tornar tudo ainda mais difícil: leis que proíbem software livre. Conforme patentes de software se avolumam e que leis são utilizadas para proibir o desenvolvimento de software livre para tarefas importantes, como ver um DVD ou escutar um stream RealAudio, as dificuldades de disseminação do software livre só crescem.

Devemos salientar que nem sempre a melhor saída é o software livre, existem algumas áreas de aplicação para as quais alternativas gratuitas ainda não têm "maturidade" suficiente para competir com softwares comerciais. É claro que o contrário também é verdadeiro: existem situações em que o software livre se comporta melhor do que o software comercial, ou seja, são mais robustos, flexíveis e gerenciam melhor aplicações críticas, como no caso dos "web servers". Porém, no caso de aplicações para fins didáticos e disseminação de conhecimentos, a utilização desses softwares deve ser profundamente incentivada, uma vez que eles são de fácil acesso (todos os meses há uma distribuição na banca de jornais mais próxima) e isentos de licenças comerciais.


good luck

Alysson Neto

Faz mais de um ano que começo a fazer curso nesse site e não acabo.... =[ esqueço toda vez. Quem a intel que banca ele
"Eu rejeito sua realidade e substituo pela minha" Adam Savage,

dop182

Eu ja me escrevi, obrigado !
To lendo sobre o Software Livre e já avancei do primeiro módulo
[]s


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