Framingham - Construir bom sistema operacional é mais difícil que anunciar novos recursos em uma ferramenta de buscas, diz executivo da Canonical.
A Canonical, fabricante do sistema operacional Ubuntu, está confiante de que pode manter sua vantagem no mercado de desktops com Linux, apesar do anúncio do sistema operacional do Google, o Chrome OS.
O Google pode possuir reconhecimento e recursos de engenharia para tirar mercado da Canonical, empresa com faturamento anual de 30 milhões de dólares e 200 funcionários, mas o sucesso do Chrome não é garantido só porque o Google fez o anúncio, avalia Gerry Carr, gerente de marketing da Canonical.
Carr disse à Computerworld dos Estados Unidos que construir um sistema operacional amigável é mais difícil do que colocar novas funcionalidades em uma ferramenta de buscas. Ele afirmou também que não viu o post no blog do Google no qual estão listados nove parceiros - a maioria deles fabricantes de harware e processadores -, anunciando que concordaram em desenvolver produtos para o Chrome. "Você sabe tão bem quanto eu que é realmente fácil assinar um acordo de parceria", observou o executivo.
Introduzido há menos de cinco anos, o Ubuntu reina entre as distribuições Linux para desktops, apesar de sua participação no mercado representar uma pequena fração se comparada à participação de mercado do Windows, da Microsoft.
No setor de netbooks, a versão Ubuntu Netbook Remix lidera o segmento. Equipamentos de fabricantes como HP, Toshiba e Dell rodam nesse tipo de aparelho. Já os netbooks capazes de rodar o Chrome não vão aparecer no mercado até a segunda metade de 2010, o que Carr observa ser um longo caminho.
Entretanto, a Canonical manterá o desenvolvimento tecnológico do Ubuntu. Por exemplo, a promessa do Google é que, com o Chrome, os usuários poderão navegar na internet segundos depois de ligarem seus netbooks. De acordo com Carr, a versão 10.04 do Ubuntu Netbook Remix, que estará disponível início do segundo trimestre de 2010 nos Estados Unidos, fará o mesmo.
Embora o Ubuntu esteja se direcionando para tornar a web e o desktop mais harmoniosos, o principal objetivo da Canonical é construir um verdadeiro sistema operacional para desktops - em oposição à proposta orientada à web do Chrome.
"Ainda existe muita computação que eu e você usamos offline", avalia Carr. "Nós queremos ser líderes de mercado (Linux). Para os países em desenvolvimento (sem uma boa conectividade sem fio), isso significa que é importante para nós que sejamos extremamente bons no offline".
A Dell não aparece na lista de parceiros do Chrome. Este ano, a empresa informou que um terço dos netbooks modelo Inspiron Mini 9 saem de fábrica com o Ubuntu e que a taxa de retorno foi tão baixa quando a dos modelos com Windows.
Carr declarou que a Dell e a Canonical têm um ótimo relacionamento, em parte devido à ênfase da Dell em vendas online, evitando o canal varejista, que tem sido tão pouco amigável com o Linux.
Alguns analistas, como Jeffrey Orr, da ABI Research, dizem que o sistema operacional do Google vai provar que é um produto melhor do que o sistema operacional para smartphones Android.
O Chrome contribuirá para fragmentar ainda mais o já dividido cenário de Linux, mas também atuará como uma onda que vai levantar todas as distribuições Linux, incluindo Ubuntu, diz Orr. Além disso, o modelo de desenvolvimento aberto do Linux carece de um líder, avalia Orr. "Ubuntu é sensacional, mas quem é o fabricante que carrega a mensagem e cria as aplicações (como Google Apps)?". Para Carr, o alvo do Chrome pode ser o Windows, não o Ubuntu.
Eric Lai, editor da Computerworld, dos EUA