Bom galera, decidi escrever aqui uma pequeno comparativo do confronto das versões novas das distribuições mais populares atualmente e que estou testando e estudando.
Antes de mais nada, o objetivo deste comparativo não é apontar a melhor distribuição e muito menos dizer qual é melhor para determinado perfil de usuário. Apenas quero demonstrar um pouco da experiência e o que notei de bom e ruim em cada distribuição.
Um pouco sobre minha história com Linux
Já tenho um bom tempo usando e testando distribuições Linux, cerca de 7 anos. Meu primeiro contato não foi nada agradável. De cara tentei enfrentar o Debian. E Debian na época não era simples de mexer como é hoje, com apt-get e tudo mais. Pelo contrário! Era bem braçal e nada amigável para quem estivesse tendo seu primeiro contato com Linux. Lembro muito bem da versão. Debian 2 "Potato". Com poucas telas de instalação desisti e fui dormir hehe
Mas não desisti. Resolvi investir e procurar outra distribuição amigável. Foi aí que li muito sobre o Red Hat. Com o Red Hat 7.2 tive meu primeiro contato nada traumático com Linux. Foi uma ótima experiência e senti o futuro promissor do sistema operacional Linux.
Depois passei por várias distribuições: Kurumin, Kalango, Conectiva, Suse, Slackware, Debian, Gentoo, Ubuntu, Mandriva e Fedora. Com Slackware e Debian adquiri uma boa parte do conhecimento de Linux que tenho hoje. O Slackware me fez aprender profudamente com o Linux funciona e me serviu de base para meu estudo de certificação LPI. O Debian foi a realização de um sonho utilizar essa distribuição (lembra do trauma que tive com o Potato? hehe). Senti que venci um grande obstáculo.
Foi então quando decidi mudar para o Ubuntu. Havia ouvido falar muito sobre ele e seu crescimento na velocidade da luz. E o melhor: com base Debian!! Utilizei simplesmente todas as versões do Ubuntu, do 4.10 ao atual 7.10. Ou seja, só de Ubuntu são mais de 3 anos. Um record que passou Slackware (9 meses), Debian (1 ano e 6) e Red Hat (2 anos) que foram as distribuições que mais duraram no meu PC.
Perdi a conta de quantos CDs originais que ganhei da Canonical e que passei para frente. Popularizei o Ubuntu entre meus amigos e criei grandes fãs da distribuição. Ganhei a fama na empresa de Homem Linux... hehe. Quem dera... Tenho muito ainda pra aprender e dominar. Linux é mundo sem fronteiras. Com isso conhecer todas é impossível. Um dia chego lá hehe
Existe vida além do Ubuntu?
Depois de usar a abusar dos recursos do Ubuntu, acompanhando todas as novidades para Desktop e que tornou-o, na minha opnião, a distribuição mais simples e amigável para usuário final, decidi acompanhar e comparar como as outras distribuições estão. Será que o Ubuntu está, em termos de desktop muito na frente das outras?
Ubuntu 7.10
Inicialmente fiquei muito decepcionado com esta release. Muitos no fórum devem ter visto. Muitos bugs que estavam presentes fizeram um complô para que eu tropeçasse na maioria deles. Sério! Muitos bugs relatados eu cheguei a esbarrar neles. De cara com boot com o Live CD minha tela ficou preta como se tivesse sem sinal. E realmente estava, pois o Screensaver, sem nenhum motivo aparente desligou o sinal do monitor, como se estivesse muito tempo ocioso. Travamentos, telas malucas com o Compiz Fusion ativado, amarok que não aceitava colocar OGG no meu cartão de memória, mesmo adicionando suporte e por aí vai.
Mas fiz meu papel e relatei todos os bugs que encontrei para os desenvolvedores. Era o ideal a ser feito ao invés de continuar reclamando e desabafando aqui no fórum que é o lugar errado para isso. E tive resultados. Tive respostas de todos e as correções foram disponibilizadas.
Com a banda larga trabalhando bastante no início, hoje estou com o Ubuntu 7.10 bem estável, sem problemas funcionando a todo vapor e aproveitando cada vez mais as novidades.
Fiquei simplesmente impressionado com a praticidade e rapidez da configuração da minha nova multifuncional HP F4180. Simplesmente não fiz nada! Isso! Nada! Só pluguei o cabo na USB e já estava configurado com uma confirmação.
Esta versão usa e abusa do seu ponto mais forte herdado do Debian e que, pra mim, é o diferencial que a torna quase imbatível: o APT-GET. Tem uma placa da Nvidia? O Gerenciador de drivers proprietário baixa, instala e configura automaticamente o driver proprietário sem necessidade editar uma linha sequer do XORG. Visitou um site com Flash ou Java? O APT-GET instala pra você os plugins necessários. Tentou rodar um vídeo WMV ou áudio MP3? O APT-GET resolve todos os plugins necessários. Saiu uma versão nova do Ubuntu? O APT-GET atualiza tudo, incluindo programas instalados. Simplesmente o ponto mais forte da distribuição.
Só peca por não ter uma ferramenta de configuração gráfica para vários fins, no estilo Yast do Suse, Centro de Controle do Mandriva e ferramentas gráficas do Fedora. Configurações mais avançadas exigem configurações braçais, contrariando o conceito Ubuntu.
Um Yast, já que foi aberto, não cairia mal...
O tema caramelo já está meio batido e nunca que agradou por muito tempo... Sempre acabo mudando. Mas irá mudar no próximo Ubuntu com mais uso de preto e laranja (minha combinação favorita de cores).
O instalador também é pobre e às vezes empaca. Graças a Deus está sendo revisado na próxima versão que trará muita novidade.
Mandriva 2008
Mandrake (distribuição que não gostava) + Conectiva (distribuição que odiei) = Mandriva (distribuição que simplesmente virei fã!!). É possível isso? Sim! Mandriva Linux está sendo a distribuição que mais está me impressionando pela simplicidade, desempenho, rapidez com que está evoluindo e o principal: mantendo o Gnome o mais puro possível assim como o Ubuntu. Fico muito irritado com as distribuições que tentam fazer seu ambiente gráfico em cima do Gnome (leia-se Suse). O padrão de menus e caminhos é praticamente 100% a mesma que a do Ubuntu e Fedora.
A instalação foi a mais simples que já vi. Pouquíssimas perguntas são feitas e com poucos cliques já estou com o sistema instalado. Os temas da instalação ao uso unem simplicidade e boa integração. Acho muito agradável o tom azul do Mandriva.
O Centro de Controle não é assim uma Brastemp (ou melhor, um Yast), mas garanto que é muito mais simples e bem categorizado de mexer do que a "Brastemp". Praticamente tudo necessário para um desktop está lá. E o gerenciamento de pacote RPM é simplesmente show!! Funciona muito bem, se não me engano integrado ao urpm ( é isso mesmo?). Faz lembrar muito o apt-get, mas ainda não tem todo seu poder, principalmente em questão da ferramenta gráfica Synaptic. Porque as distribuições não o adotam como padrão??
Uma coisa interessante foi o reconhecimento do Mandriva no Virtual box. A captura de mouse funcionou de primeira sem necessitar configurar nada após a instalação do Linux.
O desempenho foi um dos mais altos das distribuições que testei.
Mas uma coisa que senti muita falta: um gerenciador de drivers proprietário com o do Ubuntu. Mas um dia chegamos lá...
Fedora 8
Bons tempos do Red Hat... Cheguei a testar uma vez o Fedora Core 2 e odiei!! Nunca tinha visto um Linux tão bugado. Mas a coisa mudou! Fedora 8 está bem estável e recheado de novidades interessantes. O boot gráfico já presente a um bom tempo no Fedora é muito show e bem apresentável.
As ferramentas sysconfig para gráfico, firewall, som, rede, serviços e outros são simplesmente maravilhosas e simples de operar.
Outra coisa que me chamou atenção foi a integração visual da distribuição do início ao fim da instalação. Pra mim o tema mais bonito de todas distribuições Linux que usei até o momento. E não é que o papel de parede muda sozinho as cores? Legal para acabar com o uso monótono do desktop.
O gerenciamento de pacote do Fedora, antes o ponto mais fraco do Red Hat, hoje está muito bom e bem perto do APT-GET. O Yum se comporta muito bem e está resolvendo muito bem as dependências, que era o que mais me irritava no RPM. Era sempre mais chato com dependências do que o DEB. A ferramenta gráfica de pacotes é muito interessante, mas pra mim peca em alguns quisitos, como não dar opção de busca por nome, pacote provido e descrição de pacote. Muitos resultados ficam sujos de opções de pacotes. O pacote apache não existe, mas sim httpd. Custei pra descobrir isso.
E assim como o Mandriva, poderia seguir o exemplo do Ubuntu usando e abusando mais do Yum para instalar drivers, plugins e codecs.
Mas uma coisa que me agradou e que não está presente no Ubuntu: categorização de pacotes para instalação mais bem estruturada. Preciso instalar um servidor web? Marco simplesmente a opção servidor Web. Já instalo os principais pacotes. Quer instalar um servidor MYSQL? Apenas marco a caixa Servidor Mysql. Sim, sei que o Ubuntu trabalha com metapacotes que fazem o mesmo, mas falta algo simples assim para instalar os principais tipos de sistema para uma determinanda demanda. Preciso saber o nome do metapacote para instalar o que quero. A união desses recursos com o poder do Synaptic seria uma ferramenta imbatível e super poderosa.
O desempenho foi muito bom, boot rápido. Mas o uso de memória é um pouco alto. Mas nada de ser um Vista...
Assim como no Ubuntu, um painel de configuração como os presentes no Mandriva e Suse fazem e muita falta.
O instalador Anaconda pra mim foi, e sempre será o melhor instalador de Linux.
A configuração da placa de vídeo que foi reconhecida na máquina virtual como 800x600 foi facilmente resolvida graficamente pela configuração do Fedora sem sequer precisar editar o xorg.conf. E o serviço do GDM foi automaticamente reiniciando fechando a sessão do Gnome. Muito show!!
O Gnome também está bem puro!! Apenas o menu sistema foi alterado. Mas nada demais se comparando ao Gnome do Suse que simplesmente não acho nada.
O Fedora continuando assim, crescerá cada vez mais e ganhará seguidores fiéis. Eu estou me tornando um deles.
openSUSE 10.3
Só o Yast, tanto em modo gráfico quanto em modo texto, faz com que o openSUSE seja uma das melhores distribuições para se administrar. São muitas opções e às vezes fico perdido entre elas. Mas até o momento encontrei tudo que precisei e imaginei ter. A configuração de sistema é simplesmente maravilhosa e de dar inveja a outras distribuições Linux. O gerenciamento de pacote pelo yast faz lembrar muito o Synaptic. Assim como no Mandriva, Ubuntu e Fedora, é só clicar no pacote RPM e tudo está resolvido no que se trata de dependência. Porém é necessário configurar o Instalar Pacote como padrão de RPM. Simples, mas já poderia vir configurado.
Configurar o mesmo sistema para qualquer tipo de fim, seja um servidor web, um desktop comum de casa ou empresa e para um notebook com o openSUSE é muito simples. Nada de uma versão de openSUSE para cada fim. É um DVD com o mesmo sistema que pode ser adequado já na instalação e nas primeiras telas para o que eu preciso. O tema visual vem muito bem integrado e abusando de verde. Muito bonito mesmo! O bootsplash é um dos mais bonitos que já vi. Mas não bate o boot gráfico do Fedora...
Mas nem tudo são flores. O camaleão está cada vez mais pesado e faminto por MB de memória RAM. O Gnome simplesmente foi destruído com as alterações feitas. Quer ver mais aplicações? Abre uma nova janela pra escolher o que quero. Porque não abrir no menu mesmo? É só pra alimentar mais a barriga do camaleão com mais memória. Ao menos no KDE do Suse isso não acontece. Ainda bem que o Gnome pode ser facilmente reeditado para ficar no padrão do Ubuntu, Fedora e Mandriva. Mas tem o ponto fraco de ter que editar os menus para deixarem de ser excessivamente categorizados e subcategorizados.
E o ponto mais fraco da distribuição: tradução... Mesmo selecionando português do Brasil, o sistema continuou praticamente todo em inglês. Para deixar melhor traduzido, além dos 4GB de DVD, mais 680MB de linguagens adicionais em uma ISO de CD...
E a Gerência de Drivers restritos integrada ao yast para descarregar via web os pacotes necessários faz falta... O Synaptic ainda é imbátivel e faz falta em todas as distribuições.
Algumas paths foram mudadas. Mas melhorou muito nessa versão que manteve mais os padrões de Linux.
Conclusão
Muitas novidades estão presentes nessas versões novas de Linux. Cada uma com seu foco, pontos fracos e fortes. Mas uma coisa é visível: ambas estão caminhando para os mesmos caminhos como configurações gráficas, uso e abuso de instalação online de programas, desktop 3D (presente e todas), facilidade de administração, padrão de pacotes, mesmo que DEB e RPM.
Ambas, com excessão do openSUSE, estavam muito bem traduzidas. O destaque é para Fedora e Mandriva que inclusive tiveram as mensagens de shell traduzidas.
O Ubuntu é fácil de obter por mandar CDs de graça e até para download por ser 1 CD. Mas o DVD já está começando fazer falta. Ao menos temos a opção de DVD para download. Mas acho que poderia se tornar já que o sistema está popularizado.
Mas qual seria a distribuição ideal? Pra mim seria aquela que unisse todas essas, mas sem sacrificar a leveza, estabilidade e simplicidade.
Um Ubuntu com o Yast, simplicidade e leveza do Mandriva, poder de adequação do Fedora e openSUSE com Synaptic, um sistema de pacotes único seria o Linux ideal pra mim. Um dia chegamos lá hehe
Abraço a todos e espero que gostem desses relatos.