Uma distro nacional, com suporte telefônico 24X7, com repositório próprio de pacotes e documentação impressa seria o ideal, mas tem um porém: não temos dinheiro para fazer isso!
Francamente, isto é uma bobagem! Salvo para alguns poucos clientes corporativos da Canonical, nem o Ubuntu oferece tudo isso!
Por outro lado, nem se trata de uma questão de dinheiro, mas de mercado. Manter uma boa distro corporativa nacional não pareceria um investimento tão caro se houvesse demanda para isto. Aliás, de certo modo a demanda existe, mas ainda é tão pequena que a Conectiva foi vendida antes de tornar-se uma empresa mais sólida e outras companhias dedicadas ao Linux corporativo - como é o caso da Insigne, p. ex. - ainda não ganharam envergadura suficiente para aparecer como um sucesso.
E o mercado dos usuários domésticos? Será que eles precisam mesmo ou poderiam pagar por suporte 24 horas, documentação impressa e outros elementos que o Autor considera tão necessários? É claro que não. E digo mais: a imensa maioria dos usuários do Windows também não dispõe disso.
Por outro lado, é preciso considerar o motivo pelo qual o Ubuntu tornou-se tão popular entre usuários domésticos. Ele oferecia tudo isto que o Autor considera imprescindível? Com exceção dos repositórios próprios, não. O que o Ubuntu ofereceu de diferente - e este foi o verdadeiro golpe de genialidade da Canonical - foi uma comunidade forte o bastante para dar suporte aos usuários e ao próprio desenvolvimento do projeto.
É isto o que pouca gente percebe. O verdadeiro golpe de gênio da Canonical foi investir maciçamente na imagem da Ubuntu, mesmo nos seus elementos mais "românticos" e imateriais - como o nome africano, com um sentido tão belo e coerente com o espírito do Software Livre, como o slogan "Linux para seres humanos", etc - pois o que a empresa percebeu é que esta seria uma forma de reunir rapidamente uma comunidade em torno do projeto. Isto sem contar, é claro, a sensibilidade de oferecer um sistema que escondia, sob uma aparente simplicidade e despojamento, um bocado de facilidades ao usuário.
Em suma, no Ubuntu, a comunidade é que deu suporte ao desenvolvimento do negócio e não o contrário. E este é motivo pelo qual o Ubuntu tem sido um sucesso, ao invés de vários outros projetos mantidos por empresas. E foi por este motivo, aliás, que a Red Hat criou o Fedora, que a Novell/Suse criou o openSuse e que a Sun deu luz ao Projeto Indiana.
E veja você,
gabriel (a quem devemos agradecer pela oportunidade de ler este texto) que em nenhum momento o Autor fala da importância de um bom fórum de suporte. Mas quantos não são os usuários que ressaltam a importância deste nosso fórum para a sua escolha do Ubuntu?
Em suma, é o bicheiro ou traficante que dá o dinheiro, mas sem comunidade não há escola na avenida (foi o Momo que há dentro de mim que escreveu isto...)!