Então...
Bom dia a todos
Eu hoje uso Debian 11 com KDE no meu notebook no trabalho e KDE Neon no meu PC (até 1 mês atrás usava Ubuntu Studio e já vinha usando ele a 6 anos, desde quando estava vindo com ambiente XFCE por padrão). Migrei pro KDE em definitivo junto com o Ubuntu Studio. Agora tô usando o Neon por causa do KDE mais atualizado por padrão.
Eu discordo de algumas questões do vídeo. Parei uns 3 minutos pra pensar onde seria o começo da minha crítica sem que fosse ofensivo, ou desanimasse o camarada criador de conteúdo. Porém, já que está no ar pra ser visto, também o está para ser criticado, correto? Se compartilhou, quer visualização e opinião. Penso que aqui a crítica será mais discreta do que no youtube diretamente.
Vamos lá.
A primeira e a maior questão do vídeo, ou a mais longa foi sobre desenvolvimento Unity ter sido descontinuado.
A Canonical não pensou que o Unity era um ambiente apenas para dispositivos móveis. Ela criou o Unity com a intenção de permear e crescer no campo dos dispositivos móveis, entregando ao usuário uma DE única.
O Unity tem esse nome justamente por isso. Ele era um Desktop Environment único pra qualquer dispositivo. E, dito isto, é importante observar que a Canonical não conseguiu fechar parcerias o suficiente (nenhuma na verdade) no mercado de hardware disposta a exclusividade, o que dificultou o alicerceamento para o Ubuntu mobile se sustentar. Simplesmente não foi a frente. Deu ruim. Era Cilada Bino. Sacou? Logo eles desistiram do projeto.
Não existe mais a divisão Mobile, a não ser pra prestar algum suporte a quem por acaso comprou um celular com Ubuntu e não trocou pelo android ainda, que é coisa que eu nem sei se existe. Visto que tem poucos APPs pra ele e não é um campo de desenvolvimento mais a um bom tempo.
Como era algo que demandava um gasto e não estava dando retorno, até porque apenas o Ubuntu usava o Unity, mesmo sendo possível instalar ele no Mint, ou outra derivada.
Eu gostava do Unity? Sim... bastante.
Só que ele era apenas um Gnome 3 modificado. Sim, ele era apenas um Gnome 3 muito modificado, um fork por assim dizer. Tanto que se você instalasse o Gnome Tweak nele, conseguia personalizar o ambiente. Ou seja... só isso mesmo. Nem precisava de verdade ter mudado de nome, mas era um apelo de marketing.
Nem de longe a Canonical deixou o desenvolvimento de ferramentas de lado. Continua lançando novidade. Se existe um erro, é que eles deixaram um pouco de lado o usuário padrão e focaram no usuário empresarial. E em tornar o mundo Linux mais acessível, mesmo a usuários Windows, fazendo essa parceria com a Microsoft que muitos torcem o nariz, mas que no final funciona bem para que o desenvolvimento de aplicativos seja multiplataforma. De forma que se um desenvolvedor que só fazia softwares pra Windows, pode no próprio Windows codar pra Linux, ele vai fazer e tentar ganhar dos dois lados, apostando na fatia estável que o Linux é.
Por exemplo no final do ano passado a Canonical lançou uma ferramenta que possibilita instalar o Ubuntu em Macs com M1.
Em 2020 Anbox Cloud, Android escalável com tecnologia Ubuntu na nuvem.
São ferramentas que demandam uma equipe, que ajudam a trazer parcerias.
Sobre a segunda questão apresentada. Ferramentas que facilitem a vida do usuário final:
Aparentemente a Canonical tem sido conservadora no sentido de investir em desenvolver ferramentas que facilitem a vida do chamado usuário final. Sim, mas é importante observar que o Ubuntu é uma das distribuições que mais tem derivadas. Há derivada do Ubuntu pra todo lado. Como derivadas entenda que são distros que usam repositórios do Ubuntu na sua sources list. A estabilidade deles é fundamental pra toda a comunidade. O Ubuntu creio que tem mais derivadas que o próprio Debian. Por mais que o Debian seja a distro mãe, o Ubuntu é a referência máxima em repositórios. Dito isto, noto que a Canonical está trabalhando mais em formar parcerias e oferecer serviços no momento. Se irá retomar em algum momento o foco no usuário final, eu não sei. Creio que não seja mais o interesse principal da empresa atrair novos usuários ao mundo Linux. Tem muita gente fazendo esse trabalho e não há sentido em competir nisso. Creio também que a grande função histórica do Ubuntu foi estimular esse caminho. Adubar e regar o jardim do frendly user no Linux, que antes do Ubuntu era um terreno árido. Hoje esse ecossistema não precisa mais do Ubuntu.
Entretanto o Ubuntu segue sendo uma plataforma estável e amigável ao usuário no geral. Você pode instalar qualquer sabor do Ubuntu e ser feliz. Só que é hoje uma distro mais focada no cliente empresarial e no desenvolvedor multiplataforma. O foco da empresa ter mudado, não creio ser motivo de decepção. Se você é um usuário Linux a algum tempo vai pegar o seu sistema, instalar o que quiser, deixar ele com a cara que quiser, com a usabilidade que quiser. Se for algum entusiasta e quer começar um distro, terá terreno fértil em usar o Ubuntu como base. De forma nenhum a DE que vem por padrão no sistema define o nível de desenvolvimento da equipe. O Fedora por padrão tem um Gnome quase puro. Ninguém reclama disso. Não faz sentido. O KDE é extremamente personalizável, cheio de features, atualmente bem mais leve que o Gnome, o que é surpreendente. Desenvolver um DE, ou ferramentas que facilitem a vida do usuário é algo legal, mas pra Canonical hoje acho que é trivial. Pra quê você precisa desenvolver um gerenciador de drivers novo, se o que vc tem está funcionando, é integrado ao ambiente e não dá dor de cabeça, é simples de usar?
Acho que a Canonical desfocou nisso mesmo. Como mencionei antes, acho que a Canonical assumiu que no momento precisar pegar o facão e desbravar outras matas, abrir outros caminhos. Como no passado abriu o caminho Frendly User, hoje creio que esteja desbravando o caminho do tornar o Linux uma ferramenta comercial que vá bem mais além dos servidores.
Terceira questão. Sobre SNAP e Flatpack:
Concordo que SNAPs apresentam bugs algumas vezes, sendo necessário dar autorização a acesso de diretório aos aplicativos, que não é user frendly nem um pouco. Ninguém adivinha isso. Não é intuitivo a um novo usuário que o problema é simplesmente autorização.
Sobre o Flatpak. A Canonical quer incentivar o uso de Snaps, por isso não vem habilitado o suporte a flatpak por padrão. Porém, não é difícil adicionar o suporte, no próprio flathub tem um tutorial bem simples ensinando a fazer. Definitivamente creio que o snap é mais uma das coisas que a Canonical tentou, é bem legal, tinha tudo pra dar certo, mas está perdendo pro flatpak e em algum momento vai morrer.
Era só isso mesmo... espero que minhas observações sejam úteis de alguma forma. Haverá quem discorde, é normal.
Bacana a iniciativa de criar um canal sobre Linux. Sabemos que é um público bem exigente. Eu sou inclusive rsrsrs tô seguindo lá...
Abraços