IntroduçãoSem querer “chover no molhado”, dada a existência de diversos tópicos sobre esse assunto, a partir da dificuldade que encontrei em realizar esse procedimento, resolvi escrever esse tópico, como um tutorial, com uma característica didática.
Notebooks evoluem...Uma situação muito comum: a pessoa compra um notebook novo, que vem com o Windows 8 pré-instalado e na sua primeira experiência de uso, se irrita e resolve trocar o sistema. Tem muitas pessoas que chegaram a optar por enviar o notebook a um “técnico” para formatar e instalar o Windows 7 (muitas vezes pirata...). Outras, migraram para o GNU/Linux.
Antigamente, ao ligar o aparelho, bastava manter pressionada a tecla de acesso ao setup da BIOS (F2, delete, F12, dependendo do fabricante) e alterar a sequência de inicialização. Ocorre que os PCs atuais estão vindo com um sistema UEFI (Unified Extensible Firmware Interface), que permite uma inicialização mais rápida, o que não é exatamente uma novidade.
A Apple já utiliza esse sistema nos Macbooks há vários anos, usando a tabela GUID (Globally Unique IDentifier) de particionamento de disco GPT (GUID Partition Table), em vez do MBR (Master Boot Record). Nas palavras de Ignacho, Guia do Hardware
http://www.hardware.com.br/comunidade/mitos-definitivo/1340637/Computadores evoluem. O BIOS é um padrão dos tempos em que Bill Gates dizia que 640 KB eram suficientes para qualquer um. Pois bem, é mais ou menos por aí. O BIOS só consegue acessar 1 MB de memória, e seu Core i7 com 8 GB de RAM se comporta exatamente como um 8088, rodando em 16 bits. Há ainda outros problemas, como a questão do particionamento MBR, conflitos de IRQ, lentidão no processo de detecção de hardware, dentre outras dificuldades técnicas para o desenvolvimento de um firmware BIOS. Com o UEFI, essas limitações acabaram, além de permitir a possibilidade de interfaces gráficas antes da inicialização do sistema operacional, suporte à IP v6 durante o boot e suporte nativo a múltiplos sistemas operacionais. Na verdade, o BIOS sequer tem noção do que seja um sistema operacional, ele apenas inicializa o código no MBR do primeiro HD, que no caso, é do gerenciador de boot. O UEFI trata de resolver isso com um suporte a um novo de particionamento nos HDs (o padrão GPT), rodando no mesmo modo do processador (se o seu processador é de 64 bits, o seu firmware também vai ser de 64 bits), aumentando a eficiência da inicialização e dando um fim às várias limitações existentes no BIOS.
Entendendo o particionamento de HDNa figura é possível observar um HD desmontado, com o disco, o atuador e o braço do leitor de dados. Com o HD desligado, o braço do leitor fica do lado de fora do disco e durante o desligamento, esse braço é movido do centro para fora (o que explica a necessidade de aguardar o desligamento com segurança...). O conjunto de setores dentro do mesmo raio de circunferência dos discos sobrepostos é entendido como um cilindro e pode ser delimitado em partições, chamadas primárias.
No sistema MBR, que consiste na divisão dos discos do HD em setores delimitados pelo raio da circunferência, de fora para dentro, sendo o setor mais externo reservado para a gravação das especificações técnicas do disco e para o gerenciador de arranque do sistema (gerenciadores de boot, como Grub, Lilo, Chameleon, Boot.ini), existe uma limitação de quatro partições primárias. É possível remediar isso, transformando uma partição primária em uma partição estendida, que pode ser dividia em partições lógicas, delimitadas por setores mapeados a partir da quantidade de bytes contados de fora para dentro, possibilitando uma divisão de até 255 partições. Logicamente, essa divisão por setor de disco não é tão confiável quanto a delimitação por raio de circunferência, especialmente quando o disco para repentinamente, por falta de energia ou travamento do Sistema Operacional.
No sistema GPT, os setores também são delimitados por raio de circunferência, mas além de não haver a limitação de partições primárias (são permitidas até 128), existem dois espaços reservados para a gravação das especificações técnicas do disco, no setor mais externo e no mais interno, num sistema redundante, que serve como recurso de segurança contra corrupção de dados em situações de travamento ou falta de energia.
E daí?Com UEFI, o acesso ao setup da BIOS precisa ser habilitado pelo sistema operacional (Windows 8, em geral), seguindo os passos descritos pelo Tecmundo
http://www.tecmundo.com.br/tutorial/31350-windows-8-tres-maneiras-de-acessar-as-opcoes-de-boot.htmDepois de habilitado, alguns parâmetros precisam ser considerados. Desde o kernel 3.3 o GNU/Linux passou a suportar o UEFI e seu secure boot. Contudo, no caso do ubuntu, até o 12.10, existia o inconveniente. Durante o processo de particionamento de disco, o Gparted usava o padrão MBR, que além das limitações de particionamento (apenas quatro partições primárias), não era compatível com o UEFI.
Assim, para instalar o Ubuntu 12.04LTS e 12.10, é preciso desabilitar o secure boot (em algumas versões aparecia simplesmente como UEFI) na BIOS e ativar o Launch CSM e Launch PXE OpROM (em algumas versões aparecia simplesmente como legacy). A partir do 13.04 não há a necessidade de se desabilitar o secure boot, pois o Gparted utiliza como padrão o particionamento em GUID.
Contudo, existem algumas mudanças em relação ao estilo de particionamento. Antes, com MBR, era comum a pessoa criar quatro partições primárias:
sda1 = FAT32 = para receber o Windows (que na instalação, NTFS)
sda2 = Swap = entre 250MB e 4GB, dependendo se a opção hibernar será usada
sda3 = EXT4 = para instalação do Ubuntu, ponto de montagem /
sda4 = FAT = armazenamento de arquivos, acessíveis aos dois sistemas.
Isso, porque na tabela MBR só são permitidas quatro partições primárias e devemos evitar o máximo possível a utilização de partições lógicas
http://ubuntuforum-br.org/index.php/topic,90799.0.htmlCom as mudanças do UEFI, o desempenho do sistema e possibilidade de mais partições primárias da tabela GUID recomendam uma lógica diferente:
sda1 = EFI = Inicialização do sistema, com pelo menos 300MB
sda2 = FAT32 = para receber o Windows
sda3 = Swap = 4GB (vai que se resolva usar a função hibernar...)
sda4 = EXT2 = ponto de montagem /boot, com pelo menos 300MB
sda5 = EXT4 = para instalação do ubuntu, ponto de montagem /
sda6 = EXT4 = para a /home
A separação da /boot em uma partição EXT2 se justifica pelo fato de que por esse sistema de arquivos não possuir a função journaling (que permite ao Sistema Operacional manter um registro das mudanças recentes no disco, evitando que os arquivos se corrompam em caso de travamento ou falta de energia), a velocidade de leitura seria maior, o que seria vantajoso na inicialização, especialmente para a função fast boot do UEFI, enquanto que manter a /home em partição separada facilita muito numa eventual atualização de distribuição.
Como o ubuntu é suportado pelo UEFI, assim como acontece num dual boot entre MacOS e Ubuntu, se no particionamento de disco se fizer a opção de instalar o gerenciador de inicilização GRUB2 na partição com ponto de montagem /boot (em vez da raiz /), teoricamente, o gerenciador de inicialização do windows reconheceria a existência de um segundo sistema operacional seguro. Para, isso, em algumas versões da BIOS, é preciso alterar a opção de sistema operacional, de Windows para Outros.
Importante: Ao instalar o ubuntu e particionar para o windows, aconteceu algo curioso. Mesmo tendo separado a partição em fat32 e a partição EFI, ao instalar o Windows apareceu a mensagem que o sistema não podia ser instalado em tabela GPT. Como assim? O EFI que caracteriza o fast startup do Windows 8 depende desse formato. Ocorre que, se antes de começar a instalação, se a BIOS for configurada para desabilitar o UEFI, Secure Boot e habilitada para Legacy ou Lauch CSM, o Windows parece que entende que o particionamento é MBR, não reconhece a partição EFI e tenta emular um EFI, criando uma única partição.
Por outro lado, se instalar o Windows primeiro, nessa configuração, fica difícil instalar o ubuntu, porque o Windows ocupa duas partições primárias e faz isso em MBR. Ao instalar o ubuntu, não tem como colocar /boot, / e swap em partições primárias. Para resolver isso, é necessário:
1) Habilitar o UEFI, Secure Boot e FastBoot;
2) Instalar o Windows, excluindo a tabela de partições e já criando uma nova tabela, considerando as três partição necessárias para o ubuntu (boot, raiz e swap), porque se deixar como espaço não alocado e tentar particionar pelo live-usb do Ubuntu, existe um risco de corrupção devido ao fato de que o EFI controla as mudanças no disco e ele não está montado durante a sessão live-usb;
3) E o mais importante, que é desabilitar a função fast startup do Windows, porque essa função faz com que o HD não seja desligado completamente, impedindo que a tabela de partições seja visualizada na sessão live-usb (aparece como se fosse tudo espaço não alocado) e não reconheça que ali existe uma instalação do Windows
ubuntu e Windows, lado a lado...Normalmente, se a pessoa não se irritou com o Windows8 ao ponto de querer removê-lo completamente, o processo automático, de instalar o ubuntu ao lado do Windows com redimensionamento de partições funciona, desde que:
1) Tenha feito a desfragmentação do sistema Windows antes de começar a instalação;
2) Se use uma versão do ubuntu igual ou superior a 13.04, sempre amd64.
Se a partição NTFS onde o Windows está instalado estiver fragmentada, o que normalmente acontece após a instalação e atualização, existe uma grande chance de corromper os arquivos. Se usar uma versão anterior do ubuntu, devido ao fato do Gparted ainda usar o padrão MBR, o redimensionamento automático acaba corrompendo a tabela de partições. Pelo sim, pelo não, para evitar problemas futuros, recomenda-se anotar o número de série do Windows, que não vem mais colado em etiqueta e sim gravado digitalmente na BIOS. Para tanto, existem aplicativos como wpkey, da Microsoft.
Sendo assim, para instalar o ubuntu ao lado da instalação original do Windows 8, basta desfragmentar o Windows antes de começar e usando um versão igual ou superior ao 13.04 amd64, seguir as opções do instalador, escolhendo a opção “instalar ao lado do Windows” e redimensionando as partições do Windows e Ubuntu de acordo com a necessidade. Depois de concluída, na inicialização, deve aparecer o menu do gerenciador de inicialização GRUB, com as opções de escolha entre Ubuntu, Recovery, Memory Test e Windows. (Na opção automática de instalação ao lado do Windows, a GRUB é instalado na raiz do HD)
Importante Depois disso, ao acessar BIOS, sem que o pendrive ou DVD esteja no notebook, nas opções de boot aparece Windows Boot Manager, Ubuntu e Ubuntu, todos EFI. Então, deve-se marcar os ubuntus como as primeiras opções (esqueci esse detalhe no processo e por achar que tinha falhado acabei perdendo tempo repetindo e estudando o que foi feito, quando na verdade, bastava ter desabiltado a função fast startup do Windows e marcado o ubuntu como primeira opção na BIOS...)
Instalação limpa, do zeroOs fabricantes de notebooks, assim como com os Smartphones, personalizam o sistema operacional do Notebook, modificações e aplicativos próprios, muitas vezes desnecessários. Além disso, mantém um espaço reservado para recuperação do Windows às condições de fábrica, que acaba diminuindo a disponibilidade de espaço do disco.
Seja por isso, seja porque a instalação anterior acabou por “ferrar” com o Windows, sempre haverá a opção de se instalar de novo, do zero.
Para tanto, deve-se inserir a mídia com a imagem do Ubuntu (pendrive ou DVD) no aparelho e depois acessar a BIOS, porque no UEFI o sistema faz uma leitura prévia dos discos antes e se a gaveta de DVD estiver vazia nem aparece a opção de iniciar pelo DVD.
Feito isso, inicia-se a instalação do ubuntu, já considerando a eventual instalação do Windows no particionamento e lembrando a necessidade de que a primeira partição seja de inicialização EFI.
Mesmo numa instalação limpa do ubuntu, sem dual boot com Windows, a lógica de particionamento da tabela GUID exige uma partição de inicialização, de pelo menos 35MB. Caso contrário, não seria possível usar os benefícios do fast boot do UEFI.
Antes de finalizar o particionamento é preciso definir o local para instalação do gerenciador de inicialização GRUB. Por padrão, o local vem marcado na raiz do HD (sda) . Se essa opção for mantida, pode haver corrupção na EFI ou necessidade de se reinstalar o GRUB após a instalação do Windows, uma vez que o gerenciador de boot do Windows o corrompe.
Agora, se a opção de instalação do GRUB for definida para a partição /boot (ou a partição / do Ubuntu, se opção foi por não dividir /boot e /home em partições diferentes), algo como sda4, seria possível gerenciar a inicialização dos sistemas operacionais diretamente pela BIOS e pelo Bootloader do Windows, como nas dicas
http://askubuntu.com/questions/62440/is-it-possible-to-boot-ubuntu-using-the-windows-bootloaderhttp://askubuntu.com/questions/230878/dual-boot-windows-8-and-ubuntu-with-windows-8-boot-manager Ou seja: se quer gerenciar pelo GRUB ou vai instalar somente o ubuntu, instale-o em /dev/sda. Se optar por gerenciar pelo Windows, instale o GRUB na partição do Ubuntu responsável pela inicialização (/ ou /boot, dependendo a opção de particionamento), alguma coisa como /dev/sda4.
Colocando uma Janela limpaA instalação do Windows 8 não é um procedimento complicado e que seja assunto do nosso fórum. Contudo, existe uma curiosidade, que é de interesse público.
Muitas pessoas que compram notebooks com sistema Windows 8 embarcado e resolvem instalar o ubuntu, eventualmente, podem acabar corrompendo a instalação do Windows.
Para resolver isso, tem gente que simplesmente fecha essa janela e fica só com o Linux, enquanto outros recorrem à pirataria. Ocorre que os aparelhos com UEFI que vem com Windows embarcado não possuem mais aquela etiqueta com o serial colado no notebook. Em vez disso, existe uma gravação digital na BIOS, que não pode ser visualizada no setup.
O interessante disso é que se no futuro a pessoa quiser “substituir” o Windows 8 original por um Windows mais novo e pirata, o instalador apontará que o número de série não é compatível.
Contudo, existe um inconveniente. Se por algum motivo a pessoa precisar fazer a recuperação do Windows, por meio da mídia recovery gerada a partir do aplicativo do fabricante, esse processo removerá a instalação do ubuntu.
Ainda, se por algum motivo a pessoa perdeu a instalação do Windows e não fez essa mídia de recuperação, ao tentar fazer uma nova instalação a partir de uma imagem ISO, também haverá incompatibilidade com o serial.
Alguns tutoriais sugerem que a partir da edição de uma imagem do Windows 8 ISO e inserção de um arquivo de configuração ei.cfg dentro da pasta sources da imagem ISO, seria possível transformar essa imagem numa mídia de recuperação, que permitiria a reinstalação do sistema de forma personalizada, na partição planejada para isso. Para tanto, seria preciso conhecer a versão do Windows 8 e sua Edition ID.
O Windows 8 foi lançado nas versões 8 (também chamada Single Language, com Edition ID “Core”), Enterprise e Professional. A primeira seria básica, enquanto que a segunda seria destinada a empresas, com possibilidade de ativação em várias máquinas. A terceira seria a completa, com recursos multimídia e outros. Além dessas nomenclaturas, existem as definições Retail (que se refere ao DVD comprado na caixa), AIO (dos desktops All In One) e a OEM (Original Equipment Manufaturer, que vem embarcadas nos notebooks).
O que nos interessa saber sobre isso é que a maioria dos notebooks vendidos no Brasil vem com o Windows 8 na sua versão básica e que a Microsoft disponibiliza uma imagem ISO específica para OEM Single Language. Com essa imagem, ao se instalar o Windows 8, o instalador recupera o serial gravado na BIOS, como se fosse uma recuperação às definições de fábrica, mas permite que isso seja feito de forma personalizada, na partição que foi reservada para isso, sem o risco de apagar a instalação do ubuntu.
Considerações FinaisPor fim, concluída a instalação do Windows 8 e do Ubuntu, com UEFI, Secure Boot e FastBoot ativados e a função fast startup do Windows desativada, se o grub foi instalado corretamente na partição /boot, a primeira opção de unidade UEFI da BIOS será carregada com êxito. Se estiver marcado ubuntu, vai aparecer o menu do grub, se não, o Windows será iniciado automaticamente.
Se por engano a instalação do grub foi feita na raiz /dev/sda, será necessário recuperar o boot do Windows pelo DVD.
Observação: Se a opção foi a de gerenciar a inicialização pelo Windows, no caso do grub ter sido instalado na partição /boot ou /, esse procedimento não é necessário, sendo preciso que se adicione o ubuntu ao menu de entrada Windows, por meio do aplicativo EasyBCD, como na dica
http://askubuntu.com/questions/230878/dual-boot-windows-8-and-ubuntu-with-windows-8-boot-managerObservação2: O bootloader do Windows tem a aparência do sistema, com fundo azul, mas sempre colocará o Windows como padrão. Já o grub, com sua aparência espartana, tem mais opções. Assim, o mais lógico é usar o GRUB se o seu sistema operacional mais acessado for ubuntu e o Bootloader, se a preferência é o Windows.
Referênciashttp://www.vivaolinux.com.br/dica/Dual-boot-UEFI-Ubuntu-e-Windows-8http://www.hardware.com.br/comunidade/mitos-definitivo/1340637/http://ubuntuforum-br.org/index.php/topic,90799.0.htmlhttp://ubuntuforum-br.org/index.php/topic,14614.0.htmlhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Master_Boot_Recordhttp://www.hardware.com.br/termos/mbrhttp://pt.wikipedia.org/wiki/EFIhttp://www.clubedohardware.com.br/artigos/A-Verdadeira-Importancia-do-BIOS-UEFI/2368http://pt.community.dell.com/support-forums/software/f/78/t/33677http://askubuntu.com/questions/230878/dual-boot-windows-8-and-ubuntu-with-windows-8-boot-managerInformações sobre como obter a imagem ISO OEM original compatível
http://oarthur.com/2014/06/comprovado-obter-windows-8-sl-single.htmlhttp://windows.microsoft.com/pt-br/windows-8/upgrade-product-key-onlyhttp://pt.community.dell.com/support-forums/software/f/114/tags/Windows+8+Single+Language+downloadchrome://mega/content/secure.html#!QI8kjKYR!G_SOUC7vZn5xB6K_bgY6AaEfIbo57ZzuJARoHwAhZg8