Agora sim eu tive tempo para ler todo o artigo, do começo ao fim.
Realmente... A Microsoft, achando que seria sempre, eternamente, a nº 1 do mundo em software, caiu, e muito. E a queda não começou ontem.
Podemos ver isso no próprio Windows. O 95 estava presente em quase 100% dos PCs do mundo, isso lá em meados dos anos 90. O 98, idem. Aí a coisa começou a degringolar com o Me, quando os usuários reclamaram muito - e com razão, pois o sistema era muito instável. Lembro que um parente, naquela época, comprou um PC com Windows ME, achando que era uma coisa "maravilhosa" (a propósito, era um Compaq Presario, que já veio de fábrica com o Windows Me pré-instalado). O sistema não durou dois dias naquela máquina, ele pôs o 98 no lugar - pirata, mas pelo menos funcionava melhor. Eu tinha começado a testar distribuições Linux e inclusive cheguei a sugerir o Conectiva para ele, a fim de evitar a pirataria, mas ele acabou ficando com o Windows 98 mesmo.
Se o Windows Me foi uma droga, podemos dizer que o Windows XP foi tipo a "salvação da lavoura", pelo menos quando foi lançado, lá em 2001. Mas o que era "inovação" naquela época? Somente a troca do FAT32 pelo NTFS e um visual mais "bonitinho" (que eu, pessoalmente, não gostava nem um pouco). O sistema ficou meio que "congelado", só recebendo atualizações de tempos em tempos. Foi um SO longevo, duradouro, mas nada nessa vida é para sempre - nem a própria vida. Vieram a Apple lançando o iPod, depois o iPhone e o iPad; a chegada do Android e, com isso, o surgimento dos tablets mais populares; e a Microsoft, com o quê mesmo? Nada. Tudo o que foi lançado pela empresa nessa época era mera cópia do que já tinha sido lançada pelas concorrentes tempos atrás - digo, em termos de conceito. Provas: o Zune copiava o mesmo conceito do iPod, um tocador de música portátil; o Bing queria imitar o Google como site de pesquisa; o XBox veio para concorrer com o PlayStation como console de jogos; etc. Os consumidores de tecnologia sempre procuram novidades, e a Microsoft estava parada no tempo, ou então indo na onda das concorrentes e copiando qualquer coisa que era lançada pelas mesmas.
Aí veio o Windows Vista. Se o Me já foi uma coisa terrível na época dele (2000), o Vista foi algo ainda pior. Uma tremenda decepção; o pessoal que comprou PCs e notebooks com Windows Vista logo partia para o XP mesmo - e os que se sentiam mais seguros partiam para distribuições Linux (inclusive podemos dizer que muito do atual crescimento do percentual de máquinas executando sistemas Linux vem da decepção dos usuários de Windows com o furado lançamento do Vista). Como se sabe, o Windows Vista era extremamente pesado. O Windows 7 chegou meio que às pressas para corrigir os problemas do Vista, mas não adiantava mais. Atualmente muitos usuários do Windows ainda preferem o XP em detrimento ao 7, mesmo que o XP já seja considerado um SO obsoleto, a exemplo dos seus antecessores.
Então, chegou o Windows 8, que esculhambou com tudo mesmo. Mudanças que deveriam ser graduais foram colocadas quase que todas ao mesmo tempo - mal e porcamente ainda - o que me faz pensar que muitos usuários, acostumados com o design clássico de ícones e barra de tarefas, não souberam mais usar seus PCs. Aliás, me parece que a empresa pensou que não haveriam mais PCs, nem notebooks, nem netbooks - somente tablets. O que não é verdade. Além do mais, mesmo que o sistema tenha sido pensado para o uso em tablets, esse mercado está praticamente dividido somente entre o Android e o iOS, e quem usa seus tablets com esses sistemas muito provavelmente nunca os trocaria por um Windows.
Será que o próximo Windows vai sair na urgência, a exemplo do 7 em relação ao Vista? Seria esse o último suspiro da Microsoft no que se diz respeito a sistemas operacionais?
Não me espanta se dentro de alguns anos vermos estampada nas capas da grande maioria das publicações dedicadas à economia e aos negócios a manchete "Decretada falência da Microsoft".
É uma pena, pois enquanto um bocado de empresas consideradas "muito pequenas" cresceram, com novas ideias, conquistando mais e mais clientes, trabalhando em prol do avanço tecnológico, e ainda, com gente jovem mostrando seu talento, a Microsoft foi vítima de um sistema hierárquico cristalizado, o que foi refletido na falta de inovação dos seus produtos. Membros dos altos escalões - incluindo o presidente Ballmer - atrofiaram a empresa, tornando-a um fardo imenso e dormente. Quando acordaram e perceberam que o mundo inteiro havia mudado, já era tarde demais.