o Ubuntu 7.04 saiu hoje (16/05/07) no caderno de Informática da Folha de São Paulo
Linux fácil baixa e instala softs da internet
PARA TODOS-Febre entre os fãs do sistema livre, o Ubuntu não exige conhecimentos avançados para ser usado no dia-a-dia
by JULIANO BARRETO
Mais do que uma versão do Linux, o Ubuntu é um divisor de águas. O sistema operacional não é apenas tão simples quanto o Windows; é, em muitos pontos, mais fácil de usar do que o rival.
Quem se aventurar a instalar o Ubuntu precisará apertar menos botões e responder a menos perguntas do que aqueles que fizerem o mesmo com o Vista.
A aparência da área de trabalho do sistema gratuito é surpreendente. Mesmo máquinas não tão potentes poderão contar com recursos avançados.
Boa parte dos méritos para o sucesso dessa distribuição Linux, que virou febre com milhões de cópias baixadas e tradução para 35 idiomas, é do empresário sul-africano Mark Shuttleworth.
Shuttleworth, que foi um dos primeiros turistas espaciais civis do mundo, investiu cerca de US$ 25 milhões para contratar desenvolvedores e espalhar o Ubuntu aos quatro ventos.
A idéia deu certo. Recentemente, a Dell, uma das maiores fabricantes de micros, anunciou que venderá micros com o Linux do sul-africano. E, no início do mês passado, a "Wired" (www.wired.com) premiou Shuttleworth com um Rave Award .
O que é que ele tem?
Baixado gratuitamente em www.ubuntu-br.org, o Ubuntu 7.04, depois de gravado em um CD, funciona sem ser instalado no disco rígido.
Isso permite que o usuário confira se o sistema é compatível com a sua máquina e com os seus acessórios. Basta colocar o CD do Ubuntu no drive e reiniciar o PC.
Se tudo der certo, o sistema e seus programas ficam à disposição para a avaliação. Se agradar, a instalação definitiva do Linux no micro segue sem problemas.
As instruções são em português, e o Ubuntu reconhece o
hardware da máquina sozinho.
Quem tem o Windows instalado precisa tomar muito cuidado, pois a opção que vem marcada como padrão instala o Ubuntu em todo o disco rígido, apagando informações já gravadas.
Para evitar a perda de dados, é preciso separar um espaço do disco rígido (partição) só para o novo sistema.
Após a escolha do local de instalação, é só criar uma senha de acesso e informar os dados para a conexão com a internet.
Desde a primeira vez que carrega, o sistema busca atualizações on-line. Essa é uma das suas principais características: usar acervos externos para encontrar acessórios que facilitam o uso e a instalação de novos programas .
No item correspondente ao "Adicionar/Remover Programas" do Windows, o usuário acessa um menu que mostra uma série de programas para o Ubuntu. Basta clicar na descrição dos softwares, esperar que eles sejam baixados e instalados automaticamente e usá-los.
No depósito de aplicações, é possível encontrar jogos, editores de texto, assistentes para conexão sem fio e mais uma infinidade de programas.
Todos os arquivos de configuração necessários para que os programas recém-baixados funcionem são copiados automaticamente. O mesmo é feito com as atualizações do sistema.
Beleza pura
Os efeitos visuais da área de trabalho, ativados com os pacotes Beryl e Compiz, estão em pé de igualdade com os recursos do Windows Vista e do Mac OS X.
Com o Beryl, que pode ser baixado e instalado automaticamente, o usuário conta com mais de dez animações diferentes para tarefas como maximizar e minimizar janelas. Entre as opções estão janelas que explodem, esticam e dão piruetas na tela.
Outro atrativo é a animação para mostrar os vários desktops do Linux. Diferentemente do Windows, que tem apenas uma área de trabalho, o sistema livre pode simular várias telas iniciais.
Arrastando uma janela até a borda da tela, o sistema gira a imagem como se fosse um cubo.
Para lançar mão desses artifícios, o Ubuntu não exige uma máquina superpotente.
Nos testes da reportagem, máquinas com memória RAM de 512 Mbytes, em que o Vista funciona com dificuldades, usaram todos os recursos do Beryl sem apresentar lentidão.
Não sei se é para "desbaratinar" - afinal, não devo ser o único leitor insatisfeito com a cobertura do caderno
Informática da
Folha - mas, tanto na edição da semana passada, quanto na de hoje tivemos reportagens favoráveis ao Linux.
Na semana passada, três professores da USP escreveram uma autêntica resenha sobre o servidor Red Hat, muito favorável, por sinal, mas, ao meu ver, técnica o bastante para reforçar o preconceito de que o Linux é um sistema só para quem entende muito de informática.
Hoje, pelo contrário, meia página de jornal foi dedicada ao Ubuntu e sob um ângulo impecavelmente positivo. Nunca li tal coisa na
Folha! Parecia até mesmo uma mudança de linha editorial, já que a principal reportagem do caderno falava exatamente dos problemas produzidos pelo gigantismo da Microsoft, Google e Apple.
Será que o caderno de Informática da Folha vai trocar o comércio pelo jornalismo? Não digo que elogiar o Linux é jornalismo e criticar o Linux seja comércio. O problema é que até hoje o que víamos era um caderno muito mais preocupado em "cobrir" lançamentos e fazer comparações de equipamentos, duas práticas que mal disfarçavam o empenho em fazer propaganda disfarçada.
E quase toda referência ao Linux parecia dizer, implicitamente, "mas isto não é o Windows!". Se fizerem críticas bem fundamentadas dos sistema livres, ótimo. Estarão contribuindo de algum modo para o desenvolvimento do setor e informando bem o leitor.
Mas o que prevalecia até bem pouco tempo era uma vergonha! Esperamos que as edições de hoje e da semana passada sejam de fato uma virada de página.