O Debian é Diferente
Anthony Awtrey publicou um texto em seu site, apresentando suas idéias a respeito das diferenças entre o Debian e as demais distribuições disponíveis. A tradução a seguir foi autorizada pelo autor.
O Debian é Diferente
O Debian pode ter começado como uma distribuição típica, mas agora é mais que isso. Outras distribuições, especialmente as comerciais, como Red Hat e SUSE, tendem a tratar suas distros Linux como produtos tradicionais de software. Matéria-prima, na forma de software de projetos de Software Livre ou Código Aberto, é colocada em uma caixa preta onde é empacotada e preparada pelo revendedor e exposta cuidadosamente embalada. Estas empresas podem disponibilizar o código-fonte dos seus pacotes, mas restringem fortemente o seu processo de construção e distribuição. Elas assumem a complexidade da construção de uma distro, os processos de garantia de qualidade e distribuição em troca de dinheiro. O lado bom para seus clientes: acesso simplificado ao Linux. O lado ruim para seus clientes: dependência do criador da distribuição para obter novas tecnologias, controle de qualidade e suporte.
O Debian é diferente quando comparado a outras distribuições. Uma forma de mostrar esta diferença é dizer que o Debian está para as distribuições Linux assim como o McDonalds está para os hamburgueres. Com certeza, o McDonalds irá lhe vender um hamburguer, mas também é possível para o McDonalds lhe conceder uma franquia e você passa fazer os hamburgueres. Mas, ainda que você possa, com certeza, obter uma distribuição Debian GNU/Linux, o valor oculto do Debian está em aprender como fazer e controlar seu próprio sistema operacional usando as ferramentas e a experiência do projeto Debian.
O Poder das Franquias
O motivo pelo qual distribuições como MEPIS, Linspire, Knoppix e Ubuntu são baseadas na arquitetura do Debian é, em grande parte, por conta da disponibilidade de ferramentas especializadas e de conhecimento acumulado e comprovado sobre como construir, testar e distribuir um sistema operacional, por parte do Projeto Debian. Os desenvolvedores destas franquias estão usando e melhorando os processos do Debian e alguns deles estão retornando suas experiências ao Projeto Debian, beneficiando as demais franquias.
Todas as pessoas envolvidas nestes projetos estão aprendendo a arquitetura da distribuição e como as ferramentas de desenvolvimento do Debian funcionam. Eu acredito que esta é a ameaça mais subestimada ao modelo de negócios de companhias como Red Hat e Novell. Da mesma forma que o próprio Linux, quando uma comunidade se forma para comoditizar um segmento de tecnologia, a competição aumenta e os preços caem fortemente. A única vantagem real que as distribuições comerciais oferecem sobre distribuições comunitárias/franquias é uma relação um pouco mais convencional com o fornecedor e certificações de segurança/ISVs. Embora eu admita que estes são diferenciais valiosos em certos segmentos de mercado, seu valor, no longo prazo, será corroído pelas melhorias tanto do Debian quanto das distribuições baseadas nele.
Debian no mundo real
Já existem notícias e anedotas em grupos de usuários Linux sobre como o Departamento de Energia (DoE) [N.T.: Órgão do Governo dos Estados Unidos] inicialmente usou o Red Hat e ficou insatisfeito com o suporte e com os custos, e, quando tentou usar o SUSE, a equipe da SUSE perdeu o código-fonte do kernel customizado para os clusters do DoE. O Departamento decidiu, finalmente, melhorar o Debian e construir as coisas com a própria equipe. A razão pela qual a Prefeitura de Munique escolheu o Debian não foi, necessariamente, porque o Debian GNU/Linux Sarge era uma distribuição melhor que qualquer outra, mas porque o software e os processos da distribuição são visíveis, disponíveis e extensíveis. Eu espero ver mais histórias sobre pessoas ampliando a experiência e a maturidade dos processos do Debian para permitir trazer a manutenção da distribuição para dentro dos seus departamentos de TI.
Deixe-me dar um exemplo da minha empresa. Nós utilizamos Linux em todos os desktops da empresa. Cerca de quatro anos atrás, criamos um mirror do repositório do Debian Unstable na nossa rede e distribuímos uma configuração de clientes baseada nele. Quando uma grande atualização de software chega ao Debian Unstable e nós decidimos instalá-la em nossos clientes (OpenOffice.org e atualizações do KDE são exemplos), sincronizamos com o repositório Debian Unstable, testamos um upgrade em alguns clientes, corrigimos quaisquer problemas e então executamos apt-get update, apt-get upgrade em todas as estações.
O controle de configuração agora também foi expandido para automatizar o processo de instalação. O novo instalador do Debian é muito fácil de automatizar. Eu desenvolvi uma instalação de cliente que me permite conectar um PC limpo e inicializá-lo via rede e carregar nossa configuração customizada. Se alguém conseguir, de alguma maneira, inutilizar sua estação de trabalho, pode reiniciar seu PC, teclar [F12] durante o POST para inicializar através da rede e sair para uma reunião, ou para o almoço. Quando ele voltar, sua estação estará esperando para que efetue logon e comece a trabalhar novamente.
Este tipo de experiência com a arquitetura e com o instalador do Debian tem sido benéfica, também, para o Debian. Fui capaz de devolver melhorias tecnológicas ao projeto através de relatórios de bugs com patches para os pacotes que nós usamos, novos drivers do XFree86/Xorg para uma tela sensível a toque não suportada anteriormente e um sistema hotplug muito mais rápido, baseado em Perl.
Controle é Dinheiro
Assim, quando você ouvir falar sobre o Debian, ou sobre uma das populares distribuições derivadas, tenha em mente que o Debian é diferente de outras distribuições GNU/Linux. O Debian habilita qualquer grupo a prover suporte para si mesmo, se houver interesse em empregar algum tempo e esforço. O uso da arquitetura Debian permite o mais profundo controle sobre o sistema operacional e as aplicações instaladas. Isso se traduz em controle sobre a decisão de realizar atualizações, e quando fazê-las. E como a Microsoft habilmente demonstra a cada trimestre, este controle vale uma grande quantidade de dinheiro.
Enviado por André Moraes às 1:45 PM
Fonte:http://www.linuxdailylog.com/2005/05/o-debian-diferente.html
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Já é um pouco antiga essa notícia, mas nem por isso deixar de ser interessante, encontrei-a perdida na minha caixa de e-mails e resolvi compartilhar.
[ ]'s a todos.