Minha primeira experiência com um sistema Linux foi lá pelos meus 15 ou 16 anos de idade. Isso em 1999.
Na época eu tinha começado o Técnico em Informática e costumava ler a revista PC Expert (que não sei se ainda existe, alguém sabe?). Naquele tempo era novidade, estava recém na edição 6. E foi nessa edição que veio um CD com um tal de Conectiva Linux 3.0.
A revista veio com um passo-a-passo bem detalhado, mostrando como instalar o sistema operacional. Segui tudo direitinho. No final, depois de tudo instalado, só apareceu... uma tela preta cheia de texto? Como assim?
Nessa época o computador não tinha Internet - ou, se tinha, era discada, 33.6kbps, fazia aquele barulhão pra conectar, e era lenta pacas - então eu não tinha como buscar informações sobre como acessar a interface gráfica. Dei sorte que tinha tudo bem explicado na revista, então pude entrar com um desses dois comandos na "tela preta cheia de texto":
kdeou
xfree86Eram os comandos pra escolher a interface KDE (acho que era 2.x naquela época, parecia muito com a do Windows 95) e a WindowMaker (um pouco mais complicada pra mim naquele tempo), respectivamente. Bastava entrar com um desses e pronto: ambiente gráfico, com diversos programas.
O problema era que
todas as ferramentas usadas no Técnico em Informática eram para Windows. Pascal, Visual Basic, Delphi... Enfim... Fui forçado a retornar ao Windows, contra a minha própria vontade (já era o 2000, se não me engano).
Os anos foram passando, fui levando com o Windows mesmo, até que um dia cansei. Eu já era "maiorzinho". Não sei bem quando foi, mas um dia resolvi arriscar novamente um sistema Linux - dessa vez o Corel Linux OS (alguém se lembra dele?). Achei meio complicado, pois era totalmente em inglês e a instalação de novos programas requeria frequentemente compilação (os famosos
configure,
make,
make install) - e sempre faltava alguma coisa. Fiquei meio decepcionado com ele e acabei instalando o Windows XP mesmo - também contra a minha vontade.
Mas não desisti.
Passado mais um tempo, num dia de muito tédio, segui em busca de um SO livre, pois não aguentava mais ficar subordindado aos cracks e keygens da vida. Aí achei o Kurumin. Foi mais ou menos por aí que eu procurei me adaptar aos programas - e a depender menos do Windows. Estava tudo perfeitamente bem. Seria esse o meu SO definitivo?
Não.
Em 2002 comecei a fazer faculdade de Música (que só consegui terminar muito recentemente, em novembro de 2011, me formando em janeiro de 2012), e isso me obrigou a usar diversos programas de gravação, edição de áudio e MIDI existentes somente no Windows (na época). A muito contragosto tive que voltar ao Windows XP de novo.
E assim foi, até que...
... um dia o Windows resolveu travar de tal jeito que não ligava mais. Eu dava o "Power" na CPU e... Cadê o SO? Nada.
Por volta de abril de 2008, precisei reinstalar o Windows XP. Mas eu já tava cansado de ter que lidar com toda a instalação dos drivers, envergonhado com essa história de ser obrigado a usar software pirata pra "sobreviver" e de saco cheio de tantos problemas.
Foi quando descobri, muito por acaso, o Ubuntu. Procurei por "Linux" no Google e o Ubuntu foi uma das primeiras ocorrências, então fui lá.
Naquele tempo estava sendo lançada a versão 8.04 (Hardy Heron). Despretensiosamente, resolvi baixar a ISO e por num CD. Então, botei pra instalar. O que seria apenas uma experiência com um SO diferente se tornou uma enorme mudança na minha vida: desde então parei totalmente com o Windows e nunca mais precisei recorrer à pirataria pra ter programas totalmente funcionais e que atendiam às minhas necessidades. A partir desse momento me tornei um legítimo "Linux user" - ainda que iniciante e sem muito conhecimento, mas isso foi até bom, pois assim pude aprender mais e lidar melhor com os problemas que porventura ocorriam (o meu PC não era dos melhores).
Confesso que, no começo, dependi bastante do Wine, pois eu ainda usava certos programas do Windows que, naquela época, eu não conhecia equivalentes. Mas essa necessidade foi se extinguindo ao longo do tempo. Desde a versão 10.04 passei a usar somente programas nativos do Linux - mesmo os mais "complicados", como editores de áudio e de partituras, por exemplo. Tanto que o meu TCC foi totalmente feito com software livre (o trabalho foi composto de uma peça de música eletrônica experimental - produzida com uso do Ardour - e de um relatório sobre a mesma - gerado no LibreOffice Writer).
Atualmente uso o Ubuntu 12.04 LTS 64-bit no PC de mesa e o Linux Mint 13 MATE 64-bit no notebook (já que a placa de vídeo dele é meio fraquinha e isso faz ele ficar meio "ranzinza" com o Unity). Cheguei a testar o Ubuntu e o Kubuntu 12.10, curti bastante, mas preferi voltar ao 12.04 LTS mesmo, pelo suporte longo e pela melhor estabilidade. Estou no aguardo do 14.04 LTS (quem sabe num ultrabook - plano pra esse ano) e de novas experiências com esse belo SO - quem sabe até mesmo desenvolver programas na área da tecnologia musical, vai saber