Conhecemos o coração do laptop de US$ 100!

Iniciado por galactus, 17 de Julho de 2006, 22:46

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galactus

Por Tomodachi
17 de Julho de 2006

"Testes feitos na USP revela tecnologias inovadoras na placa-mãe que será usada no projeto do laptop de US$ 100.

O "núcleo" do laptop traz o chip Geode, da AMD, rede Wi-Fi e três portas USB.

Muito se fala do projeto do laptop de US$ 100. O micro, que é a proposta de inclusão digital da ONG OLPC (One Laptop Per Child), pode ser a porta de entrada para o mundo digital nos países em desenvolvimento, um dos quais pode ser o Brasil.

Mas o projeto também recebe críticas de analistas e de fabricantes como a Intel por sua capacidade limitada de processamento.

Para saber se o micro é capaz ou não de cumprir sua missão, acompanhamos alguns dos testes realizados pelo LSI, o Laboratório de Sistemas Integráveis da POLI - USP. O centro de pesquisas foi um dos escolhidos no Brasil para avaliar as placas-mãe que serão usadas nos laptops.

Entre os objetivos dos testes está a avaliação das características técnicas, o desempenho geral da máquina em aplicações educativas e seus recursos de comunicação.

A primeira coisa que os pesquisadores constataram é que a máquina apresenta uma boa performance na hora de rodar uma versão `light´ do sistema operacional Linux e aplicativos educacionais, como editores de texto, softwares de criação colaborativa e programas que permitem navegar na Web.

"Concluímos que o hardware que será utilizado no laptop de US$ 100 já é uma realidade", diz Roseli de Deus Lopes, professora-assistente do LSI e uma das encarregadas da análise.

E a surpresa, para os pesquisadores, é que as máquinas não estão servindo apenas para uma iniciativa de inclusão digital.

"Os fabricantes envolvidos estão fazendo vários experimentos com novas tecnologias no projeto", afirma Hilton Garcia Fernandes, gerente de projetos em tecnologias sem fio do LSI.

"Uma das características mais importantes para o projeto é o consumo de energia do processador. De fato, o chip da AMD exige pouca energia para funcionar, o que é bom, porque ele não gera muito calor, o que mantém estável o seu rendimento", diz Fernandes.

Segundo ele, a máquina apresentou um bom rendimento, mesmo sabendo que a concorrente Intel já conseguiu fazer chips para portáteis com consumo mais eficiente de energia.

"Vimos que os desenvolvedores do projeto também adicionaram uma camada de software aos componentes, o que permite mais flexibilidade na hora de rodar programas", afirma Fernandes.

Comunicação

Outra característica que surpreendeu os avaliadores foi a forma como a placa-mãe coordena as funções de comunicação: ela mantém o fornecimento de energia para as antenas de redes Wi-Fi mesmo se o computador estiver desligado.

A explicação? É que uma das características do projeto é o estabelecimento das chamadas redes Mesh. São redes de comunicação de dados sem fio em que cada dispositivo atua como transmissor e receptor de informações.

Para efeito de comparação, numa rede Wi-Fi comum existem os `access points´, aparelhos `centrais´ que enviam dados, por exemplo, para uma rede de notebooks em volta. Só que na rede Wi-Fi convencional, não há troca entre os notebooks.

Voltemos aos laptops de US$ 100. Neste caso, as antenas presentes no aparelho continuam ativas mesmo quando o micro está desligado. A idéia é que esse arranjo torne possível a cada micro funcionar como uma ´ponte´ para que outros micros possam se comunicar com um ponto de acesso à internet.

Gráficos

Outra surpresa do laptop foi seu desempenho gráfico, acima do esperado. Quando pronto, o micro irá utilizar uma tela de cristal líquido (LCD) de 7 polegadas, com resolução de 640 × 480 pixels, e que poderá ser usada até sob a luz do dia.

A tela LCD, aliás, é hoje uma das barreiras para que o custo do micro caia para os US$ 100 estipulados pelo projeto (o custo atual está em torno de US$ 130).

Só que a placa-mãe do micrinho é capaz de gerar imagens de resolução 1280 × 900 pixels. Por quê?

"Porque a máquina poderá apresentar uma precisão maior na hora de fazer desenhos. É uma tecnologia inovadora, que está sendo criada por Mary Lou Jepsen, uma das maiores especialistas mundiais em displays na atualidade", diz Fernandes.

Mas avaliar a placa nem sempre é fácil, alertam os pesquisadores. "Muitas vezes, quando vamos consultar a documentação do projeto, percebemos várias falhas ou partes incompletas, o que faz com que nos também contribuamos para o desenvolvimento do laptop e US$ 100", comenta Fernandes.

Na avaliação do pesquisador, isso acontece porque há muitos grupos atuando em paralelo, tanto na parte de hardware como de software. "Está acontecendo tudo ao mesmo tempo, e em vários centros de pesquisa ao redor do mundo."

Colaboração

Outra novidade do projeto é a criação da plataforma Sugar, um misto de sistema operacional e suíte de aplicativos educacionais que usa o conceito de `abas´ para permitir diversas aplicações de comunicação e colaboração.

"Essa foi uma surpresa no projeto, o que os fez inclusive rever algumas posições iniciais sobre o uso do laptop. A plataforma atua de um jeito tal, em que seria possível criar novas ferramentas colaborativas", diz Roseli Lopes.

Segundo a pesquisadora, seria possível pensar numa ferramenta de educação musical em que os alunos de uma sala de aula poderiam todos trabalhar na composição de uma mesma música, ficando cada um responsável por um trecho da partitura.

"Cada aluno poderia fazer sua parte, sem interferir nas demais, podendo ouvir em seu micro o resultado final da composição coletiva", diz Roseli.

Para ela, essa possibilidade técnica abre novas formas de `protagonismo´ para os usuários do laptop de US$ 100.

"Um de nossos comentários feitos ao Ministério da Educação e Cultura é de que o portátil poderia ser usado como mais do que uma simples ferramenta de apoio a ações pedagógicas", avalia.

Equívocos

Mas com tantas características positivas, qual é a razão do laptop de US$ 100 receber tantas críticas?

Roseli Lopes arrisca um palpite. "Muitas pessoas cometem um grande equívoco ao criticar o projeto. É que elas comparam o laptop de US$ 100 aos notebooks de mercado, usados por executivos e que, por falta de uma plataforma consistente, acabaram sendo incorporados por estudantes nos países desenvolvidos e em classes mais favorecidas", explica.

Para ela, falar de inclusão digital e social implica em explorar uma plataforma nova, com limites, mas também com novas possibilidades.

Se elas serão exploradas ou não pelo governo brasileiro ou por outros países, é cedo para dizer. O hardware, pelo menos, está pronto.

Informações adicionais


O projeto do laptop de US$ 100 é chefiado por Nicholas Negroponte, fundador do MediaLab, laboratório de novas tecnologias ligado ao MIT - Instituto de Tecnologia de Massachusetts. Atualmente seu custo de produção está estimado em US$ 130.

Embora já tenha apresentado os primeiros protótipos funcionais, a expectativa da ONG OLPC é que a fabricação em escala do portátil comece só em 2007.

Para que o Brasil utilize o micro, deverá se comprometer a adquirir pelo menos um milhão de máquinas. Somente com esta quantidade será possível baixar os custos de produção com os ganhos em escala."

Fonte: FórumPCS - http://www.forumpcs.com.br/noticia.php?b=172135
BigLinux no Notebook  / Várias Distros Virtualizadas no PC.

Perícope

E tem gente por aí dizendo que essa é uma maquininha de segunda...
Interessante saber que há tecnologias tão novas num projeto popular. Eu torço muitíssimo para que ele dê certo.
Usuário Linux n. 414104 - Usuário Ubuntu n. 3048
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