Linux portado para a calculadora TI-Nspire CX

[Nosferatu Arucard]

A comunidade de programadores das calculadoras gráficas conseguiu outro feito histórico num modelo de calculadora gráfica que é totalmente avessa aos programas homebrews (A Texas Instruments era bem mais tolerante com o uso de vários modelos de calculadoras (Voyage 200) para que pequenos programadores lançassem aplicações e jogos para máquinas que tinham capacidade de processamento equivalente a um Commodore 64  em pleno século XXI): Não só conseguiram criar alguns programas nativos para o software básico da NSpire (com a ajuda de um exploit), como conseguiram correr o sistema operativo Linux  (o que elimina muitas das limitações idiotas do Nucleos RTOS).

Em termos de hardware, a NSpire CX é um computador ARMv6 com uma velocidade de relógio a rondar os 150 MHz (mas pode ser alterada para 224 MHz, ainda assim é um quinto da potência computacional do SoC usado no Raspberry Pi), com um ecrã LCD de 16 bit de cor a 320*240 pixels  , alimentado por uma bateria recarregavel, um adaptador Wi-Fi (se escreverem o driver para ele, em Linux pode aceder livremente à Internet  ), uma porta USB mini, contêm 128 Mb de memória SSD (infelizmente o file-system é proprietário e inútil) e 64 Mb de RAM.

Para quem queira arriscar a usar o Linux nesta máquina, deve-se ter em conta que é um procedimento arriscado por estar em desenvolvimento, e ainda pouco prático. Para carregar o Linux, é necessário instalar nas pastas de Documentos um bootloader e um exploit que dependem da versão do Nucleos RTOS a correr na Nspire. Aí é necessário copiar igualmente uma imagem do kernel (a versão portada foi a versão 3.6) ou uma imagem com o Kernel e o Openbox (o conjunto básico de comandos) na mesma directoria dos Documentos enquanto corre o software oficial da calculadora. Ao correr o documento contendo o exploit, o bootloader reseta o sistema operativo actual, carrega o kernel Linux e efectua um reboot não-destrutivo para o sistema Linux. Durante o arranque (cortesia do programador da Omnimaga) pode inserir um adaptador USB para carregar uma distro Linux numa pen-drive, e escolher esta pen como unidade de sistema, em vez da imagem da ram-disk que é mais limitada.

Apesar deste projecto ter poucas semanas de vida, o uso do Linux da NSpire já deu muito que falar: já corre editores de texto básicos como o vi e o nano, acede à Internet se inserir uma pen WI-Fi USB com o módulo correcto (e uma gigajoga de hubs com alimentação activa à mistura  ), e até corre o MPlayer (desde que o vídeo não sobrecarge a lenta CPU da Nspire) em modo frame-buffer.
O próximo passo é tentar portar o X Window Server ou o Wayland  para a NSpire (64 Mb de RAM nos dias de hoje é muito pouco), para criar no futuro uma distribuição Linux adequada para esta calculadora. (E actualizar o bootloader para futuras versões do Nucleos RTOS, do qual é um procedimento mais simples, porque uma vez o Linux activo a calculadora já estará desbloqueada até ao próximo arranque).